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Aprendendo Libras a bordo de uma máquina do tempo

Jessica gravino 2022 foto destque
Jessica gravino foto de 2022
Jéssica Gravino dá continuidade ao projeto de desenvolver o bilinguismo Português/Libras com lançamento de segundo livro da “Turma dos dedos falantes” – Foto de Samuel Alves
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A Turma dos Dedos Falantes está pronta para se aventurar novamente. Desta vez, os personagens idealizados pela escritora e professora Jéssica Gravino vão confeccionar uma máquina do tempo e, a bordo dela, viajarão por lugares e momentos marcantes da História. Os pequenos leitores terão a oportunidade de conhecer a Era dos Dinossauros, conferir o que aconteceu quando Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil e acompanhar um voo realizado no 14 bis, aquele famoso avião criado por Santos Dumont. E é claro que a proposta dessa turma é ensinar Libras. Portanto, a cada passeio, os leitores aprenderão novos sinais.

“O objetivo da ‘Turma dos dedos falantes na máquina do tempo’ é mostrar que, quando abrimos o livro, um universo se abre, uma viagem acontece sem sairmos do lugar. E todo o conteúdo é acessível aos cegos, com braile na capa. A história tem audiodescrição, e é tudo acessível aos surdos com a tradução em Libras”, comenta Jéssica, que conta com apoio da Lei Murilo Mendes e que, assim como fez no primeiro livro  — “Turma dos dedos falantes na escola” —, investiu em uma obra  interativa. Basta a meninada apontar a câmera do celular para o QR Code inserido nas páginas para conferir a história e conteúdos extras.

“A competição entre um papel, que é estático, e a tecnologia é desigual, já que esta traz muitos atrativos para a criança, como animações, interações. Então, o pensamento é juntar o papel com o celular ou tablet. Interessante também é a criança observar e aprender vendo a interpretação em Libras acontecendo ao mesmo tempo em que a audiodescrição para os cegos é feita”, destaca a autora.

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É importante contar que a turma está recebendo um novo integrante, o Arizinho e, por meio dele, o livro propõe reflexões importantes sobre o mundo das pessoas que têm Síndrome de Down. Além disso, outras questões relevantes também estão sendo apresentadas, como reciclagem e meio ambiente. Quem quiser conferir o lançamento de “Turma dos dedos falantes na máquina do tempo”, o evento está agendado para o dia 15 de maio, às 18h, no Victory Suítes.

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Marisa Loures – De onde veio a ideia de inserir no livro informações sobre fatos históricos importantes?

Jéssica Gravino – O foco do livro é ensinar Libras de maneira lúdica, leve. Assim, as crianças se interessam pela língua de maneira natural. Não só queria trazer o ensino dessa língua, mas também mostrar conteúdos que são importantes para a humanidade, já que, dentro da escola, vão se deparar com histórias marcantes. O livro pode ser lido por qualquer criança e até adulto, mas selecionei, pela faixa etária de 8 a 10 anos, conteúdos mais relevantes para que a obra ande em paralelo ao conteúdo escolar.

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– A meta é lançar uma linha até o Ensino Médio. Como estão os planos de atender o público mais crescidinho?

O projeto é extenso: um livro para cada ano escolar para que os alunos tenham contato com diversas deficiências, mas com o foco de ensinar a Libras, para que o surdo, futuramente, seja independente socialmente. Iniciamos o livro para crianças de 7 anos e estamos estendendo trazendo mais conteúdo e mais vocabulário em Libras. Para o Ensino Médio, a proposta é um material voltado para um perfil de estudantes com pensamento universitário.
Cada ano do Ensino Médio virá com um tema específico, como ciências humanas, área da saúde, exatas… Em paralelo a isso, levar às escolas a disciplina em Libras para o Novo Ensino Médio, com disciplinas complementares.

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– Por falar nisso, quando lançou o primeiro livro, você contou que tinha muitos projetos para “Turma dos dedos falantes”, entre eles fazer treinamento para professores e levar a turminha a vários locais, como parques, bancos e consultórios. Seu sonho começou a se realizar?

Sim! Graças a Deus, o projeto tem sido um sucesso e cada vez mais está expandindo. Levamos capacitações a várias escolas e profissionais diversos, como enfermeiros, médicos, psicólogos, agentes de turismo, bombeiros, dentre outras profissões. O objetivo é expandir a Libras, seja ensinando pelo livro, seja através de um curso direcionado a crianças ou adultos.

– E seu livro propõe um projeto bilíngue (Libras e Língua Portuguesa) que tem a proposta de colocar o aluno surdo como protagonista no processo de ensino-aprendizagem, mas também toca em outras questões relevantes, como reciclagem e meio ambiente e reflexões sobre o mundo das pessoas com Síndrome de Down. Por que achou importante incluir essas outras discussões?

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Não poderia deixar de contribuir com o máximo de deficiências, pois essas pessoas precisam ter voz na sociedade. Neste segundo volume, trazemos a síndrome de Down como sendo um simples detalhe na vida de uma pessoa que consegue fazer tudo. Em torno de 270 mil pessoas têm síndrome de Down e pouco se discute sobre suas características. Acham que é uma doença ou que todos possuem deficiência intelectual. Chega de mitos e, por meio do livro, trazemos sobre essa deficiência com o triplo do amor. Trazemos a síndrome de Down de maneira leve, mostrando que as pessoas que têm Down não são coitadinhas.

– O Arizinho é um dos personagens do livro, e esse menino simpático e inteligente existe no mundo real. Como se deu esse encontro entre ele e a “Turma dos dedos falantes”?

Sigo pelo Instagram pessoas com deficiências, instituições, blogueiros e me deparei com o perfil do Arizinho e amei. Eu o acompanho por anos e sentia o desejo de, um dia, se possível fosse, colocá-lo junto da Turma dos Dedos Falantes. Quando pensei na história do segundo volume, só conseguia imaginar o Arizinho nas cenas. Entrei em contato com a família, tratamos sobre como seria e deu certo. No lançamento, teremos uma rápida conversa com ele para ele nos contar o que achou quando viu o Arizinho personagem.

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– O livro anterior foi lançado, em 2020, em plena pandemia. Na época, você mencionou as falhas existentes no ensino público e privado quando o assunto é inclusão. Um problema apontado por você, por exemplo, é que, no dia a dia da sala de aula, o intérprete de libras acaba sendo o protagonista e não o aluno. Conversamos pensando num cenário sem isolamento social. Como foi esse momento de aulas remotas para o aluno que é surdo? Como alguém que tem experiência como intérprete, que avaliação você faz?

Com a distância, a maioria das atividades voltadas para crianças piorou. Acredito que a criança ainda não tem autonomia de estudar sem a supervisão de alguém. À distância, os surdos continuaram precisando de intérpretes, porém, a necessidade de ter uma internet em casa piorou a situação. Nas escolas particulares, o intérprete trabalhou normalmente, mas, nas escolas públicas, com apenas atividades e sem aula, o surdo teve uma perda educacional muito grande, gerando um déficit. Materiais impressos em Língua Portuguesa não são o suficiente para que o surdo compreenda a mensagem, pois possuem a Libras como a primeira língua, tendo dificuldades em aprender o Português. Em consequência disso, muitos surdos ficaram sem estudar neste período de pandemia.

“Turma dos dedos falantes na escola”

Autora: Jéssica Gravino

Disponível aqui.

Lançamento: 

Dia 15 de maio, às 18h, no Victory Suítes (Rua Chanceler Oswaldo Aranha 28 – São Mateus).

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