O MDB vai reunir toda a sua cúpula, os deputados federais e estaduais e os demais candidatos, nesta quarta-feira, ao meio-dia, para avaliar a sua situação e o que será definido daqui por diante. Sem a candidatura de Marcio Lacerda, a legenda ficou sem a cabeça de chapa, que é estratégica até mesmo para as eleições proporcionais. Como o PT já não quer mais o antigo aliado e os tucanos veem com certa reserva a parceria, vai restar o projeto original da candidatura própria. A questão é saber se o deputado Adalclever Lopes, até então vice de Lacerda, vai topar ir para o sacrifício. Se tentar a reeleição, ele tem o mandato de deputado estadual assegurado. Como candidato a governador, suas chances são mínimas num cenário já polarizado entre Antonio Anastasia (PSDB) e Fernando Pimentel (PT).
Sem segundo turno
Os dirigentes emedebistas terão que adotar um projeto de emergência, pois é temerário até mesmo jogar com a chance de fazer acordos no segundo turno. Com apenas dois candidatos fortes – bastando ver os números das pesquisas -, há o risco de a disputa em Minas terminar no dia 7 de outubro, ficando aberta apenas a disputa nacional pela Presidência da República. A divisão sustentada por Adalclever e pelo ex-presidente Toninho Andrade forjou um partido que, apesar de toda a sua capilaridade, perdeu o prestígio de outros tempos, quando era cortejado pelos demais partidos.
Velha política
Com todos os dados sinalizando que sua candidatura seria rejeitada, especialmente após manifestação do Ministério Público Eleitoral, o candidato pelo PSB Marcio Lacerda se viu sem alternativas. Daí, desistiu de disputar as eleições de 2018. Estava em terceiro lugar nas pesquisas, mas apostava na possibilidade de se tornar a terceira via dos eleitores mineiros diante do desgaste dos dois ponteiros, Antonio Anastasia (PSDB) e Fernando Pimentel (PT). Na carta-renúncia, ele comunicou também o seu desligamento do partido, a quem acusou de fazer a velha política para tirá-lo do páreo. Destacou, ainda, que, dessa forma, o PSB, em vez de um projeto próprio, vai continuar sendo a linha auxiliar do Partido dos Trabalhadores.
Velha política II
O deputado Júlio Delgado (PSB) questionou o teor da carta-renúncia de seu desafeto Marcio Lacerda, especialmente quando este diz que foi vencido pela velha política. “Velha política é o que ele fez com o Paulo Brandt, em 2016, quando retirou a candidatura dele em cima da hora; é não respeitar deliberação do diretório nacional. Velha política é retirar a candidatura, mas manter os processos na Justiça Eleitoral.” De acordo com o deputado, ainda não dá para falar da coligação com o PT, pois o processo envolvendo os dois grupos do PSB continua no TRE. O dele, apoiando Fernando Pimentel, e o de Lacerda, coligado com o MDB, não tem data para ser julgado. Somente depois dessa decisão de mérito é que tudo será sanado. Para Júlio, uma coligação com o MDB seria caótica para os socialistas, que não conseguiriam eleger nenhum deputado federal ou estadual.