Bola dividida
Em meio às comemorações da vitória, na sede do diretório do PMDB, um dado chamou a atenção – e foi registrado em fotografias. O prefeito Bruno Siqueira, em boa parte do tempo, esteve ladeado dos vereadores Ana Rossignoli (PMDB) e Rodrigo Mattos (PSDB), fortes aliados em sua jornada de reeleição e que agora tentam capitalizar apoio para a presidência da Câmara. Os dois têm protagonizado uma disputa discreta, mas ativa, nos bastidores na conquista de eleitores, sobretudo dos novos eleitos, mas ambos sabem que o aval do Executivo é importante. Na entrevista coletiva de ontem, no anfiteatro João Carriço, no Parque Halfeld, Bruno, já escolado, pois ele mesmo já presidiu o Legislativo, elogiou ambos, o que já tinha feito, aliás, no seu discurso após o anúncio do resultado. Foi além, elogiou a própria Câmara, destacando o seu papel ativo, a começar pelas audiências públicas, ação que, na sua avaliação, não tem comparação em outros parlamentos.
Primeiro escalão
O prefeito também evitou falar do primeiro escalão que irá acompanhá-lo na próxima gestão, destacando que os atuais secretários vão cumprir o tempo até o fim do ano. Não deu garantias de mudanças, mas também não descartou, preferindo elogiar a equipe que com ele vem trabalhando. Alguns nomes, porém, podem mudar de posição na estrutura de poder, dependendo da articulação com os partidos aliados. Os próximos dois meses serão consumidos na gestão das demandas atuais, mas também servirão para avaliação dos projetos que deverão ser desenvolvidos no período 2017/2020.
Ainda é cedo
Feliz com o resultado das eleições, especialmente por conta da eleição ou reeleição de 50 prefeitos de cidades em que tem atuação, o deputado Marcus Pestana (PSDB) advertiu que, a despeito do crescimento dos tucanos em todo o país, não é viável precipitar as discussões de 2018. Primeiro é preciso entender o recado das urnas, quando um expressivo número de eleitores votou nulo ou em branco, e outro tanto, ainda maior, sequer foi votar. “Há uma crise no sistema representativo contemporâneo que precisa ser avaliada, pois o atual modelo já não comporta mais as demandas da população.”
Questão cartorial
Pestana observou que os eleitores estão migrando para outros meios de representação, como associações, organizações não governamentais ou redes sociais. Por isso, ele precisa ser ouvido. Ainda nas suas avaliações, o cenário indica uma mudança no jogo, com o enfraquecimento do Partido dos Trabalhadores e o fortalecimento do PSDB. Ele não crê, porém, que, ao elegerem Alexandre Kalil, em Belo Horizonte, e Marcelo Crivella, no Rio de Janeiro, legendas do porte do PHS e do PRB, respectivamente, podem se considerar players da política. “Em tais casos, são questões cartoriais, os políticos a elas se filiaram por meras conveniências políticas, mas estão sujeitos, a qualquer momento, a se integrarem a outros quadros nacionais”, observou.