O segundo ano do Cruzeiro na segunda divisão não começou bem. Apesar de não ter os mesmos 6 pontos negativos de 2020, a campanha começou de forma difícil e teve mais uma mudança de treinador. Agora quem assume a bronca é Mozart.
O fato de não ter conseguido subir no primeiro ano já faz a história do Cruzeiro ser diferente de outras histórias de sucesso de times grandes na Série B, como o Corinthians em 2008. E por isso é preciso que torcedores e dirigentes mudem o chip: as expectativas precisam ser ajustadas.
Com mais uma punição da FIFA sendo possível – que traria mais um transfer ban -, não é realista pensar que a Série B será um passeio. Cada ponto será muito suado e em certos jogos o Cruzeiro será até azarão. E de forma merecida.
A história pouco importa
Tostão, Dirceu Lopes, Alex, nenhum deles entrará nos campos da Série B pelo Cruzeiro. Fabio, como verdadeiro ídolo que é, é a única ligação em campo com os áureos tempos. Sua experiência não pode ser subestimada.
Entretanto o resto do elenco é pouco qualificado. Os jogadores mais experientes não têm a mesma qualidade – Rafael Sobis, Ariel Cabral – e os mais novos não estão prontos para ter a regularidade necessária e suportar a pressão constante e incessante do clube.
Com diretorias pavorosas queimando todas as pontes possíveis, é até injusto cobrar os mandatários atuais em certos aspectos. Mas algo necessário e ainda pouco feito é recuperar as relações com outros times grandes do Brasil para poder aproveitar jogadores que não são usados por esses clubes.
A necessidade de ter qualidade e experiência pode ser suprida pelos atletas que estão jogando menos ou até insatisfeitos nos clubes. Jogar a Série B pode não ser tão interessante para esses jogadores, mas o palco que o Cruzeiro oferece segue sendo grande: o jogador que fizer o clube subir será valorizado e pode até se tornar ídolo de milhões de torcedores.
Além disso, para esse jogador a concorrência será menor já que a qualidade dos rivais é inferior e o Cruzeiro ainda tem uma estrutura sensacional de centro de treinamento. A possibilidade de um resgate da carreira é grande.
Para citar um exemplo de como isso é possível, Jesse Lingard estava com a carreira em banho maria no Manchester United, mas no momento que se transferiu para o West Ham em apenas seis meses recuperou seu bom futebol. Durante bate-papo com o time da Betway, site de aposta esportiva, ele explicou como a mudança beneficiou seu jogo.
Tranquilidade e paciência
Desde que o Cruzeiro caiu todos os planos apresentados e testados tiveram pouco tempo de execução e ninguém para segurar a bronca. O time caiu com Adilson Batista e este continuou, mas por pouco tempo. Depois a porta giratória começou até cair em Felipão, que também desistiu.
O plano com Felipe Conceição neste ano parecia mais bem pensado, mas também não durou depois da campanha ruim no Mineiro e a eliminação na Copa do Brasil. Agora com Mozart há mais uma tentativa, já que este é apoiado pelo gerente de futebol.
Entretanto, não só a torcida parece ter abandonado qualquer esperança como ainda o principal mecenas neste momento difícil disse que não colocará mais dinheiro no clube.
O modelo de mecenato não é o melhor para um clube de futebol, mas está sendo usado pelo Atlético-MG por exemplo e é o mais rápido para encarar cobranças como a atual da FIFA ou até fazer contratações pontuais. Sem essa possibilidade as coisas ficam ainda mais difíceis.
Sem alguém para servir de escudo entre as pressões financeiras, a desconfiança da torcida e alguns resultados ruins, o Cruzeiro seguirá derrapando e não saindo do lugar. Esse posto não pode ser ocupado por um atleta, precisando um dirigente ou treinador ter esse estofo. Por isso Felipão era um nome interessante apesar de não ser o mesmo treinador de 20 anos atrás.
Será que Mozart consegue resistir à pressão? E o elenco, que não é visto com confiança, subirá de rendimento para encarar uma Série B tão difícil como a atual? É isso que veremos na metade final de 2021.