A Japan National Tourism Organization (JNTO) tem ressaltado o crescimento da arquitetura minimalista no Japão como uma resposta criativa à escassez de espaço nas grandes cidades.
Em 2024, essa tendência ganhou destaque com a construção de uma casa surpreendentemente funcional no bairro de Nakano, em Tóquio. O projeto, assinado pelo escritório Kominoru Design, é um exemplo claro de como pequenos espaços podem oferecer conforto, funcionalidade e estética em igual medida.
Construída em um terreno de esquina com apenas 30 metros quadrados, a residência de três andares alcança 60 m² de área útil graças ao uso inteligente de inclinações, estruturas compactas e aproveitamento vertical.
A casa foi erguida com madeira, um material tradicional e altamente utilizado no Japão por sua resistência sísmica, com vigas e colunas parcialmente expostas, reforçando o estilo contemporâneo com identidade cultural.
Vale mencionar que, em regiões como Nakano, é permitido ocupar até 80% do terreno em esquinas, desde que respeitadas as normas contra incêndio. Com isso, a casa conseguiu maximizar seu espaço de forma legal e eficiente, inclusive com soluções criativas como banheira embutida no terceiro andar e jardim suspenso no segundo.
Soluções para casa pequena
A casa japonesa segue uma linha de raciocínio que já ganhou admiradores em diversos países. A menor casa do mundo, com apenas 1 m², criada pelo arquiteto Van Bo Le-Mentzal, por exemplo, provocou debates sobre a real necessidade de espaço para se viver com qualidade.
Outras construções minúsculas, como a Quay House no Reino Unido e a famosa Casa Keret na Polônia, também seguem essa linha de pensamento.
Isso porque, ao contrário da visão tradicional de que espaço é sinônimo de conforto, arquitetos e urbanistas vêm demonstrando que boas soluções podem compensar a metragem reduzida. No Japão, o uso de portas de correr, móveis multifuncionais, espelhos para amplitude e cores claras já são práticas consolidadas.
Outro detalhe importante é que, no contexto urbano japonês, casas são frequentemente reconstruídas a cada 30 ou 40 anos. Sendo assim, o foco recai sobre o uso imediato e inteligente do terreno, não necessariamente sobre construções permanentes. Essa mentalidade favorece inovações e adaptações constantes, como a integração de tecnologias sustentáveis e automação residencial.
Além disso, a ventilação natural promovida por aberturas no telhado e a disposição estratégica dos cômodos demonstram que conforto térmico e funcionalidade podem caminhar juntos, mesmo em espaços extremamente compactos.