A Uber Technologies, gigante do transporte e da entrega de alimentos, enfrentou uma desaceleração no crescimento de sua principal fonte de receita, o serviço de transporte por aplicativo.
No primeiro trimestre de 2025, a empresa registrou o menor aumento em sua receita desde a pandemia de COVID-19, um resultado que surpreendeu muitos analistas do setor.
Queda na demanda nos Estados Unidos
O principal fator para o crescimento mais modesto da Uber foi a redução na demanda por viagens nos Estados Unidos, seu maior mercado.
A empresa, que se beneficiou da aceleração do uso de serviços de transporte durante a pandemia, viu um esfriamento desse crescimento à medida que a economia americana enfrenta incertezas, refletindo diretamente no comportamento do consumidor.
Especialmente notável foi a diminuição no volume de viagens no país, que afetou as receitas da empresa. Este cenário também foi observado por outras companhias de viagens e turismo, como a Airbnb, que sinalizou uma demanda mais fraca por viagens aos EUA, atribuindo isso a um clima de incerteza política e econômica.
Crescimento internacional
Em um esforço para compensar a queda nos EUA, a Uber tem apostado fortemente no crescimento internacional. O CFO da empresa, Prashanth Mahendra-Rajah, destacou que o aumento nas viagens internacionais foi um dos principais impulsionadores do crescimento da Uber.
A empresa tem se concentrado em expandir suas operações para mercados em ascensão, como América Latina, Europa e Ásia, onde a demanda por transportes e entregas continua a crescer.
Este movimento internacional tem ajudado a Uber a diversificar suas fontes de receita e reduzir sua dependência do mercado norte-americano, que tem se mostrado mais volátil nos últimos trimestres.
Desafios e as expectativas para o mercado dos EUA
Embora a expansão internacional tenha sido um alicerce para o crescimento da Uber, o desempenho nos EUA permanece uma preocupação para os investidores. A economia americana tem sido marcada por uma série de fatores que impactam o comportamento do consumidor, como a política comercial do governo Trump e a instabilidade econômica provocada pela pandemia.
Além disso, dados mais recentes indicam que os gastos com viagens para os Estados Unidos, principalmente de turistas estrangeiros, caíram significativamente, afetando empresas de transporte e turismo. A Uber, por sua vez, tem tentado mitigar esses impactos, ajustando suas estratégias para lidar com essa demanda instável.
Unidade de entregas da Uber
Outro ponto positivo foi o desempenho da unidade de entregas da Uber, que inclui serviços como Uber Eats. A área de entregas teve um crescimento de 18% no primeiro trimestre de 2025, refletindo a tendência global de aumento nas compras online e na demanda por entregas rápidas, algo que se intensificou durante a pandemia e segue com alta demanda.
Este segmento tem sido fundamental para a Uber, ajudando a balancear as flutuações no mercado de transporte. Além disso, com a crescente demanda por alimentos e mercadorias sendo entregues em casa, a Uber está cada vez mais posicionada como uma plataforma essencial no ecossistema de entrega.
Futuro da Uber
Apesar de um crescimento mais modesto, os executivos da Uber estão otimistas em relação ao futuro da empresa. O CEO Dara Khosrowshahi afirmou que, mesmo em tempos de incerteza macroeconômica, as categorias em que a Uber atua tendem a ser resilientes. Ele mencionou que o serviço de transporte por aplicativo e as entregas têm mostrado consistência mesmo em tempos de crise econômica.
Além disso, a empresa tem se preparado para um futuro com mais inovação. A Uber tem investido em novas parcerias, como com operadoras de táxis autônomos, o que pode gerar novas fontes de receita e fortalecer sua posição no mercado de mobilidade. Esse tipo de parceria também pode ser um passo importante para a empresa se posicionar na vanguarda das tecnologias de transporte do futuro.
Reação do mercado
Apesar dos desafios no primeiro trimestre, os investidores continuam confiantes na Uber. As ações da empresa subiram aproximadamente 42% em 2025, o que a colocou entre as dez empresas com melhor desempenho no índice S&P 500.
Este aumento no valor das ações é um reflexo da confiança do mercado nas estratégias de diversificação e no potencial de crescimento futuro da Uber, especialmente no que diz respeito à sua presença internacional e ao segmento de entregas.
No entanto, no curto prazo, as ações da Uber enfrentaram volatilidade, com uma queda de cerca de 2% após um pico de perdas de mais de 6% logo no início do pregão. Esse movimento é característico de mercados mais volúveis, onde o comportamento do consumidor e os fatores macroeconômicos podem gerar flutuações no valor das ações.
Se a empresa continuar com sua estratégia de inovação e expansão internacional, é provável que consiga atravessar essa fase de incerteza econômica e se posicionar de maneira ainda mais forte no mercado global nos próximos anos.