O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS) anunciou, em 5 de maio, um novo programa de autodeportação voluntária destinado a imigrantes em situação irregular no país.
Vale mencionar que a iniciativa, criada sob o governo do presidente Donald Trump, oferece US$ 1.000 (cerca de R\$ 5.680) e auxílio para viagem àqueles que aceitarem deixar os EUA por conta própria, com solicitação feita exclusivamente por meio do aplicativo oficial CBP Home.
O governo justifica a criação do programa com base em uma economia significativa para os cofres públicos.
Segundo o DHS, a deportação tradicional de um imigrante custa, em média, US$ 17.121 (cerca de R$ 96,9 mil), enquanto a autodeportação com auxílio representa uma redução de até 70% nos custos. O retorno ao país de origem deve ocorrer em até 21 dias após a aprovação do pedido na plataforma.
Estratégia de Trump para reduzir o custo das deportações
O programa marca mais uma medida rígida da atual gestão republicana em relação à imigração. Desde que assumiu seu novo mandato em janeiro deste ano, Donald Trump retomou a retórica de endurecimento nas fronteiras.
Apesar disso, o número de deportações realizadas até agora (152 mil) ainda é inferior ao total registrado no mesmo período de 2024, sob a presidência de Joe Biden (195 mil).
Vale mencionar que o aplicativo CBP Home é uma versão reformulada do CBP One, desenvolvido no governo anterior para facilitar a entrada legal de imigrantes. Agora, ele se torna uma ferramenta para operacionalizar o retorno voluntário, com a promessa de não prejudicar possíveis solicitações futuras, embora o DHS não tenha especificado nenhum mecanismo concreto de reintegração.
Outro detalhe importante é que programas semelhantes já existem em países europeus. No Reino Unido, por exemplo, imigrantes irregulares podem receber até 3 mil libras para retornarem a seus países, mas ficam proibidos de retornar ao território britânico por cinco anos.
Brasileiros na mira de Trump
Entre os principais grupos afetados pelas deportações, os brasileiros ocupam lugar de destaque. De 2018 a 2022, os Estados Unidos removeram 11.300 cidadãos do Brasil, um crescimento de 65% em relação ao período anterior, segundo dados do Departamento de Segurança Interna.
Dessa forma, os voos de repatriação, iniciados em 2018 após acordo bilateral entre os governos dos dois países, continuam sendo utilizados. De 2020 a 2024, 7.637 brasileiros retornaram ao país em 94 voos operados pela agência ICE.
Em 2025, os primeiros voos sob a nova administração já geraram críticas do governo brasileiro, principalmente por violações nos direitos dos repatriados, como o uso de algemas e más condições a bordo.
Com isso, o Itamaraty e o Ministério dos Direitos Humanos instalaram um grupo de trabalho para monitorar futuras deportações e garantir condições mínimas de dignidade aos retornados.