Em 29 de janeiro de 2025, as jovens Anna Clara Ramos Felipe e Ayla Pereira dos Santos, ambas de 18 anos, foram encontradas mortas, com sinais evidentes de tortura, em uma área de mata na Vila Nazaré, em Mato Grosso.
O caso, que chocou a comunidade local e atraiu a atenção das autoridades, envolveu uma complexa rede de violência e tráfico, onde um “tribunal do crime” foi realizado, culminando na execução das jovens, com transmissão ao vivo para um detento dentro da penitenciária.
As jovens, que estavam desaparecidas desde 28 de janeiro, foram localizadas após uma denúncia anônima, levando a Polícia Civil a encontrar os corpos. A investigação revelou que ambas haviam sido torturadas de forma brutal antes de serem mortas.
Anna Clara foi encontrada escondida em um pasto, com marcas de queimaduras nas costas, enquanto Ayla estava enterrada em uma cova rasa, com uma mordaça na boca e também apresentava sinais de queimaduras.
Relação com o “Tribunal do Crime”
De acordo com as investigações da Polícia Civil, as jovens foram mortas após uma ordem vinda de dentro da Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá. O autor do crime foi identificado como um reeducando que, segundo as autoridades, comandou a execução das vítimas através de uma videochamada, em um ritual macabro que faz parte do que é conhecido como “tribunal do crime”.
Esses tribunais informais, comuns em organizações criminosas, funcionam como um julgamento, onde indivíduos acusados de transgressões dentro de facções são, muitas vezes, condenados à morte. No caso das jovens, não foi esclarecido completamente o motivo da condenação, mas a brutalidade com que o crime foi cometido sugere um ato de extrema violência, com o envolvimento de várias pessoas.
Prisões e apreensões
A Polícia Civil, após o desaparecimento das jovens, iniciou uma investigação rápida, levando à prisão em flagrante de uma suspeita de 19 anos, que também estava sendo investigada por tráfico de drogas. A mulher relatou à polícia que viu as jovens amarradas em uma casa antes de serem assassinadas.
O caso se desenrolou com a apreensão de diversos itens no local onde os corpos foram encontrados, incluindo uma barra de ferro, maconha, e até uma picareta e escavadeira, usados provavelmente para ocultar os corpos.
Além disso, a polícia também apreendeu celulares e chips de telefone durante as diligências, que foram essenciais para rastrear as comunicações do detento envolvido. O delegado Igor Sasaki, responsável pela investigação, afirmou que a operação foi fundamental para esclarecer o crime e identificar todos os envolvidos, exceto um, que segue foragido.
Envolvimento de facções e o papel da Penitenciária
O envolvimento de um detento na execução do crime demonstra a complexidade do sistema prisional no Brasil e a influência de facções criminosas que conseguem orquestrar crimes violentos de dentro das penitenciárias. A Penitenciária Central do Estado (PCE) tem sido um local onde diversos crimes, incluindo o tráfico de drogas e a coordenação de assassinatos, são gerenciados por reeducandos.
Esse caso evidencia a fragilidade do sistema de segurança nas penitenciárias, onde facções criminosas conseguem exercer controle sobre o mundo exterior, utilizando tecnologia como celulares para comandar atividades criminosas.
O “tribunal do crime”, uma prática terrível que causa sofrimento e morte, precisa ser erradicado para garantir que mais vidas não sejam perdidas de maneira tão brutal.