A FDA (Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos) deu a aprovação para que duas empresas conduzam ensaios clínicos de transplante de rins de porco em humanos. Esses transplantes serão realizados com pacientes escolhidos, com o objetivo de avaliar a viabilidade da xenotransplante, que utiliza órgãos de animais geneticamente alterados.
Até o momento, cinco pacientes passaram por transplantes de rins de porco, mas esses procedimentos ocorreram apenas em casos excepcionais, quando não havia outras opções de tratamento disponíveis. A primeira empresa, United Therapeutics Corporation, dará início a testes com seis pacientes que estão em hemodiálise há pelo menos seis meses.
Resultados
Caso os resultados sejam positivos, até 50 pacientes adicionais poderão ser submetidos ao transplante de rim de porco. O início do estudo está programado para daqui a seis meses. Por sua vez, a segunda empresa, eGenesis, iniciará com três pacientes, avaliando os resultados antes de ampliar a pesquisa.
Esse progresso representa um marco importante nas investigações sobre xenotransplante, que anteriormente eram restritas a situações emergenciais. Nos transplantes realizados anteriormente, quatro pacientes faleceram, mas o caso de Towana Looney, uma mulher de 53 anos que recebeu um rim de porco e está há mais de dois meses com o órgão funcionando adequadamente, trouxe uma nova perspectiva de esperança.
Transplante de rim
As duas empresas utilizam porcos geneticamente modificados, realizando alterações em seus genes para aumentar a compatibilidade dos órgãos com os humanos e diminuir o risco de rejeição. A United Therapeutics altera dez genes nos porcos, enquanto a eGenesis realiza 69 modificações, incluindo a desativação de vírus presentes no genoma dos animais.
O xenotransplante surge como uma alternativa inovadora para lidar com a falta de órgãos humanos disponíveis para transplantes. No Brasil, 41 mil pessoas estão na fila à espera de um transplante de rim, um órgão com grande demanda devido à alta incidência de doenças renais no país. A falta de doações permanece um grande desafio, e os pesquisadores acreditam que os órgãos de porcos geneticamente modificados podem ser a chave para diminuir a fila de espera e salvar muitas vidas.