O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), encerrou nesta segunda-feira, 2 de junho, uma etapa crucial do processo que apura a tentativa de golpe de Estado ocorrida em 8 de janeiro de 2023.
Chegou ao fim a fase de coleta de depoimentos das testemunhas ligadas aos réus do chamado núcleo 1 da investigação — grupo composto por oito figuras centrais, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Testemunhas de tentativa de golpe de Estado são ouvidas por Moraes
Essa etapa do processo que trata da tentativa de golpe teve início no dia 19 de maio e consistiu na oitiva de testemunhas apresentadas tanto pela Procuradoria-Geral da República (PGR), responsável pela acusação, quanto pelas defesas dos envolvidos.
Ao todo, 52 pessoas prestaram esclarecimentos ao STF ao longo de 12 audiências conduzidas por videoconferência.
Essa fase tem papel decisivo: é nela que se colhem elementos que podem confirmar ou contradizer as versões dos réus, oferecendo ao tribunal uma base mais sólida para os interrogatórios e, futuramente, o julgamento.
O último depoimento foi dado pelo senador Rogério Marinho (PL-RN), convocado pelas defesas de Jair Bolsonaro e do general Walter Braga Netto.
Marinho relatou ter mantido contato com ambos durante o período pós-eleitoral de 2022 e negou qualquer indício de que tivessem intenção de romper com a ordem democrática.
Segundo ele, Bolsonaro demonstrava preocupação com uma transição pacífica e com o respeito ao direito de ir e vir, repudiando bloqueios ou manifestações radicais.
Também afirmou que Braga Netto jamais mencionou, em sua presença, qualquer plano de ruptura institucional.
Próximos passos do julgamento da tentativa de golpe
Com a conclusão dessa fase, o processo entra agora no momento em que os próprios réus serão interrogados. As audiências estão marcadas para a próxima segunda-feira, 9 de junho, e ocorrerão de forma presencial no STF.
O primeiro a prestar depoimento será Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator no caso. Os demais seguirão uma ordem alfabética, com o ex-presidente previsto para ser ouvido na sexta posição. Todos têm o direito de permanecer em silêncio, se assim desejarem.
Os réus são acusados de crimes graves, como tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada, e destruição de patrimônio público tombado.
Caso condenados, podem pegar penas superiores a 30 anos de prisão. O julgamento, ainda sem data definida, está previsto para ocorrer até o final deste ano.