O Ministério da Defesa, por meio da Marinha do Brasil, mantém sob rigorosa vigilância a Ilha da Trindade, localizada a 1.200 km da costa do Espírito Santo, em plena “Amazônia Azul”.
O local, declarado um dos maiores santuários ecológicos do país, abriga o maior berçário de tartarugas verdes do Brasil e uma floresta de samambaias gigantes, além de aves migratórias em suas proximidades, como na remota Ilha de Martim Vaz.
Vale mencionar que a proteção estrita, que exige autorização especial da Marinha para visitas, garante a conservação de uma área oceânica de apenas 10,5 km², metade de Fernando de Noronha, e mantém intactos seus ecossistemas. A temperatura média anual de 25,2 ºC, com máxima de 30,2 ºC em fevereiro, reforça o clima propício para a fauna e flora únicas.
De onde veio o tesouro pirata perdido
O interesse científico, entretanto, divide-se com a busca de um mistério secular: o suposto tesouro pirata enterrado por corsários ingleses. Segundo registros históricos, no início do século XVII piratas teriam saqueado um galeão espanhol carregado de riquezas do Peru e ocultado parte do espólio na ilha antes de seguir viagem.
A posse brasileira, consolidada em 1822 e confirmada em 1895 após disputa diplomática com o Reino Unido, não envolveu a descoberta do tesouro.
O historiador Marcos Juliano Ofenbock, apoiado por instituições como o Instituto Histórico do Paraná, a Universidade Federal do Paraná e a própria Marinha, investiga há quase 20 anos vestígios arqueológicos e documentos que apontem para a localização exata dos tesouros.
Ele visitou a ilha em 2023 para coletar dados geológicos e mergulhar em evidências de cavernas e áreas propícias ao enterrio de baús metálicos.
Outro detalhe importante é que, ao longo dos séculos, a ilha serviu como prisão política e sofreu com a introdução de cabras, que devastaram a vegetação nativa, fato remediado apenas com décadas de reflorestamento. Dessa forma, a ilha preserva ainda traços de ocupações humanas históricas, o que pode atrapalhar ou, ao mesmo tempo, enriquecer a pesquisa de Ofenbock.
É importante mencionar que o acesso restrito também protege potenciais achados arqueológicos não só do tesouro, mas de artefatos náuticos e estruturas civis primitivas. Com isso, a Estação Científica inaugurada em 2011 recebe até oito pesquisadores por expedição, permitindo estudos multidisciplinares que combinam biologia marinha, geologia e história.