A descoberta e a exploração da bauxita em Porto Trombetas, no Pará, representam um dos maiores marcos da indústria mineral brasileira.
Com reservas estimadas em 1,6 bilhão de toneladas, essa riqueza natural tem o potencial de transformar a economia do Brasil, posicionando o país como um protagonista estratégico no mercado mundial do alumínio, metal fundamental para a indústria moderna.
Na década de 1960, impulsionada pela necessidade crescente da indústria do alumínio, a Mineração Aluminas iniciou as pesquisas que culminariam na descoberta da bauxita no Rio Trombetas.
Sob a coordenação do geólogo Johan Arnold Staargaard, a identificação da jazida em 1963 abriu caminho para a exploração, que enfrentou desafios logísticos e técnicos, mas foi consolidada em 1967 pelo trabalho do geólogo Igor Mousasticoshvily.
Características geológicas e qualidade do mineral
A bauxita de Porto Trombetas é majoritariamente de grau metalúrgico, apresentando aproximadamente 50% de óxido de alumínio (Al₂O₃) e baixo teor de dióxido de silício reativo (SiO₂), o que favorece o processo de refino Bayer.
O mineral predominante, a gibbsita, confere uma vantagem competitiva à Mineração Rio do Norte (MRN) na produção de alumina de alta qualidade.
Criada para administrar a exploração em Porto Trombetas, a MRN iniciou suas operações comerciais em 1979. Com uma composição acionária diversificada envolvendo grandes players internacionais, a empresa opera a lavra a céu aberto de forma mecanizada, sem o uso de explosivos.
Em 2024, produziu 12,8 milhões de toneladas, consolidando sua liderança no setor.
Logística e distribuição
A complexidade da logística é um dos grandes desafios do projeto. A bauxita extraída é transportada por ferrovia até o Porto Trombetas e, em seguida, segue via fluvial para o mercado interno (refinaria Alunorte) e para exportação em destinos como América do Norte, Europa e Ásia.
Este sistema multimodal é fundamental para a competitividade do Brasil no comércio internacional.
Impactos econômicos
O impacto econômico da MRN no Pará é significativo. Com mais de 6.700 empregos diretos e terceirizados, 85% deles ocupados por trabalhadores locais, a empresa movimenta mais de R$ 700 milhões em compras regionais.
Além disso, contribui com impostos e royalties que somam centenas de milhões de reais, fomentando o desenvolvimento socioeconômico da região.
Responsabilidade socioambiental
Reconhecendo a importância da preservação ambiental, a MRN possui certificação ISO 14001 e realiza investimentos constantes em manejo de rejeitos e recuperação de áreas degradadas.
Projetos como a restauração do Lago Batata e o apoio ao “Projeto Pé-de-Pincha”, que protege quelônios, demonstram o compromisso da empresa com a conservação ambiental e o engajamento social, especialmente com comunidades quilombolas e ribeirinhas.
Para garantir a continuidade da operação, a MRN investe no “Projeto Novas Minas” (PNM), que pretende explorar novos platôs com um investimento estimado em R$ 5 bilhões. Com a Licença Prévia concedida em 2024, o PNM pode prolongar a vida útil da mina por mais 15 a 20 anos, mantendo o Brasil na frente da produção global de bauxita.
Desafios e oportunidades
O mercado mundial de bauxita é dinâmico e competitivo, com a demanda por alumínio em alta devido ao crescimento das indústrias automotiva, construção civil e embalagens.
Para a MRN e o Brasil, o desafio está em manter a qualidade do minério, garantir sustentabilidade nas operações e lidar com questões regulatórias e financeiras, como o risco cambial. O sucesso nessa equação fortalecerá a posição do país no cenário global.