Na sexta-feira (28/3), um terremoto de magnitude 7,7 atingiu Mianmar, resultando em milhares de vítimas fatais e feridos, além do desmoronamento de inúmeras edificações. Apesar de estar localizada em uma região propensa a atividades sísmicas, o impacto também foi sentido em países vizinhos, como Tailândia e China, onde tremores dessa magnitude são raros.
O terremoto foi causado pelo movimento das placas tectônicas, já que Mianmar está em uma região de alta instabilidade geológica, onde convergem as placas Eurasiática, Indiana, de Sonda e de Birmânia. A Falha de Sagaing, que percorre o país por mais de 1.200 km, foi a principal responsável pelo abalo, provavelmente resultante de um deslizamento lateral, no qual blocos rochosos se movem horizontalmente, liberando grande quantidade de energia.
Grandes terremotos
Ao longo da história, diversos terremotos de grande magnitude deixaram um rastro de destruição e perdas:
- Chile – Valdivia (1960): O mais forte já registrado (magnitude 9,5), causou 1.655 mortes e destruiu Valdivia e Puerto Montt. O tsunami atingiu Puerto Saavedra, além do Havaí (61 mortos), Japão (138) e Filipinas (32).
- EUA – Alasca (1964): Com magnitude 9,2, o terremoto e o tsunami resultaram em 131 mortes. Anchorage e Valdez foram destruídas, e as ondas atingiram o Canadá, a Costa Oeste dos EUA (15 mortos) e o Havaí.
- Indonésia – Sumatra (2004): O tremor de 9,1 gerou o tsunami mais letal da história, com 283 mil mortos, 14 mil desaparecidos e 1,1 milhão de desabrigados. Seus impactos chegaram aos oceanos Índico, Pacífico e Atlântico.
- Japão – Honshu (2011): Também de magnitude 9,1, causou mais de 15 mil mortes e afetou Fukushima, onde a usina nuclear de Okuma foi danificada. O tsunami atingiu EUA, Chile, Peru e Antártica.
- Rússia – Kamchatka (1952): O terremoto de 9,0 gerou um tsunami com danos no Havaí, também registrado na Califórnia e no Alasca, mas sem mortes confirmadas.
Situação em Mianmar
A grande intensidade com que o terremoto foi percebido a longas distâncias está diretamente ligada à profundidade do epicentro, que se situava a apenas 10 km da superfície. Tremores rasos como esse costumam ser mais destrutivos, e, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), a energia liberada pelo evento superou a da bomba atômica de Hiroshima.
Outro fator que contribuiu para a propagação dos impactos foi a configuração linear da Falha de Sagaing, que facilita a transmissão das ondas sísmicas por extensas áreas. Além disso, a composição do solo também pode amplificar os tremores, intensificando os danos. Até o momento, a imprensa estatal de Mianmar confirmou mais de 1.000 mortes e 2.300 feridos, além do colapso de pontes e danos em redes elétricas.