Em meio a tantas discussões políticas, uma proposta específica tem chamado atenção e gerado burburinho entre motoristas que ainda preservam seus carros mais antigos. Ela não veio com alarde, mas tem potencial para provocar um verdadeiro efeito dominó nas finanças pessoais de milhares de brasileiros e nos cofres públicos estaduais.
Estamos falando de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), de autoria do deputado Cleitinho Azevedo (Republicanos), que propõe uma mudança importante: a isenção nacional do IPVA para veículos de passeio fabricados antes de 2005.
O que está sendo proposto
Atualmente, a isenção do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) para carros antigos é uma realidade apenas em alguns estados, e sempre com regras específicas. A proposta quer acabar com essas diferenças regionais e tornar o benefício um direito nacional.
Isso significaria que qualquer dono de carro de passeio fabricado antes de 2005, em qualquer estado do país, estaria isento do imposto, o que, para muitos, é mais do que um alívio: é uma pequena revolução financeira.
Um cenário nacional desigual
Hoje, o Brasil tem um cenário bastante fragmentado quando se trata de isenção do IPVA. Cada estado adota critérios próprios, o que gera desigualdade entre os contribuintes. Alguns exemplos:
- No Amapá, veículos com mais de 10 anos de fabricação já são isentos.
- Em Minas Gerais, apenas os carros com placa preta (de coleção ou valor histórico) têm esse privilégio.
- Em São Paulo e no Rio Grande do Sul, a regra é a isenção para carros com mais de 20 anos.
- Santa Catarina exige 30 anos para conceder a isenção.
A proposta tenta resolver essa inconsistência criando uma norma única, válida em todo o território nacional.
Peso do IPVA no bolso e nas finanças públicas
Quem tem carro antigo muitas vezes é alguém que já enfrenta desafios econômicos. O valor de mercado do veículo geralmente é baixo, mas a cobrança do IPVA, calculada sobre esse valor, ainda pesa no início do ano. A isenção pode representar uma economia real para essas pessoas.
Por outro lado, o IPVA é uma das principais fontes de arrecadação dos estados, perdendo apenas para o ICMS. A proposta pode causar um impacto considerável na arrecadação estadual, e isso preocupa os gestores públicos. Afinal, essa receita financia serviços como saúde, educação, segurança e infraestrutura.
Limites da isenção
É importante destacar que a proposta vale exclusivamente para carros de passeio. Veículos como micro-ônibus, ônibus, reboques e semirreboques ficariam de fora da regra.
Ou seja, mesmo se aprovada, a medida beneficiaria uma fatia específica dos motoristas. Ainda assim, é um número relevante de contribuintes, e de votos, o suficiente para colocar o tema no centro das atenções.
E agora? O longo caminho até a aprovação
Embora a proposta tenha ganhado visibilidade, ela ainda está no início de sua jornada. Como se trata de uma alteração na Constituição, o processo é mais complexo e demorado:
- A proposta precisa ser aprovada em comissões da Câmara.
- Depois, deve ser votada em dois turnos tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado.
- Em todas essas etapas, precisa obter o apoio de pelo menos três quintos dos parlamentares.
Ou seja, por mais interessante que pareça, a isenção ainda não é uma certeza. O processo pode levar meses, ou até anos, dependendo da mobilização política e da pressão da sociedade.