A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga um caso de desvio de verbas que chamou a atenção dos moradores do condomínio Residencial Monte Carlo, em Águas Claras (DF).
A ex-síndica Daniele Nóbrega, responsável pela administração do local por cerca de dez anos, está presa preventivamente desde 16 de abril de 2025, sob acusações de furto qualificado, falsidade ideológica, fraude e abuso de confiança. Seu pedido de liminar de habeas corpus foi negado pela Justiça em 25 de abril.
As investigações apontam o possível desvio de mais de R$ 350 mil dos cofres do condomínio, dinheiro que teria sido utilizado para fins pessoais, como a montagem de uma esmalteria em Ceilândia, compras sem relação com o prédio e até pagamentos particulares, como consultas médicas e tatuagens.
Denúncia contra síndica surgiu após taxa extra de R$ 40 mil
A apuração teve início após uma reunião entre condôminos, realizada há cerca de dois meses, quando a então síndica propôs uma taxa emergencial de R$ 40 mil para obras na fachada do edifício. A solicitação levantou dúvidas, principalmente porque esse tipo de reparo costuma ser coberto pelo fundo de reserva.
Diante da proposta, os moradores exigiram os documentos financeiros do ano anterior. Após resistência e demora na entrega, os dados analisados revelaram movimentações suspeitas, incluindo transferências via Pix para familiares, cheques com assinaturas divergentes e registros categorizados como “manutenção” ou “outras despesas”, sem comprovação real dos serviços prestados.
Vale mencionar que a análise minuciosa das contas foi realizada com o apoio de uma moradora com experiência contábil.
Entre os indícios de irregularidades, destacam-se pagamentos para profissionais que nunca atuaram no condomínio, uso de materiais de construção que não foram aplicados no local e gastos expressivos com vidraçarias, possivelmente relacionados ao negócio privado próximo à empresa do pai da acusada.
Abandono da estrutura e nova gestão
É importante mencionar que o prédio enfrenta sérios problemas estruturais. Segundo relatos dos moradores, o edifício está sem seguro desde janeiro, os extintores estão vencidos e os sistemas de combate a incêndio não funcionam adequadamente.
O fundo de reserva, que deveria somar aproximadamente R$ 38 mil ao ano, está deficitário há pelo menos três anos.
Com isso, um novo síndico e conselho fiscal foram eleitos, e medidas legais estão sendo adotadas para recuperar os valores perdidos e restaurar a governança do condomínio. A defesa de Daniele Nóbrega nega as acusações e afirma que o valor real dos supostos desvios não ultrapassa R$ 5 mil. A apuração segue em curso pelas autoridades.