O orçamento das famílias brasileiras está cada vez mais pressionado. Dados recentes da Serasa revelam que, em meio à inflação persistente e à corrosão do poder de compra, os consumidores estão priorizando o pagamento das contas básicas, como água e energia elétrica, em detrimento de outras dívidas.
A disparidade entre o aumento dos preços e a estagnação dos salários obriga muitos brasileiros a fazer escolhas difíceis sobre quais contas pagar a cada mês, o que tem levado ao acúmulo de dívidas e a um aumento expressivo da inadimplência no país.
Serasa revela que os brasileiros deixam de pagar dívidas para pagar luz e água
O levantamento mais recente da Serasa mostra que, em abril deste ano, 76,6 milhões de brasileiros estavam inadimplentes — o equivalente a quase metade da população adulta do país. Esse é o maior índice já registrado desde o início da série histórica, no final de 2016.
Esse cenário é reflexo direto do descompasso entre a renda das famílias e a inflação, que continua impactando fortemente o custo de vida, sem que os salários acompanhem esse movimento.
Embora a maior parte das dívidas ainda esteja concentrada fora do setor financeiro, com 52,5% dos inadimplentes devendo a empresas de serviços ou varejo, a dinâmica vem mudando.
As contas de serviços essenciais, como água e luz, embora ainda sejam priorizadas, tiveram uma leve redução na participação no total de inadimplência, passando de 21% em janeiro para 20,1% em abril.
Isso indica que, apesar dos esforços para manter essas despesas em dia, nem todos os consumidores estão conseguindo honrá-las.
Dívidas com bancos cresceram, diz Serasa
Por outro lado, as dívidas junto a bancos, financeiras e cartões de crédito cresceram, passando de 18,1% para 19,3% do total.
Isso mostra que, ao protegerem as contas básicas, muitos brasileiros estão postergando o pagamento de dívidas financeiras, muitas vezes recorrendo a empréstimos ou atrasando parcelas para conseguir arcar com despesas essenciais.
Esse cenário também se reflete nos condomínios residenciais. Dados da uCondo apontam que a inadimplência nesse setor subiu para 17% no primeiro trimestre de 2025 — um salto significativo em relação aos 12% registrados no mesmo período do ano anterior.
O aumento das taxas condominiais, impulsionado pela inflação, agrava ainda mais a situação.
A realidade, segundo especialistas, é que o brasileiro se vê obrigado a priorizar aquilo que garante sua sobrevivência imediata, mesmo que isso signifique acumular dívidas e comprometer ainda mais sua saúde financeira.