Na noite desta terça-feira, 10 de junho, o Estádio Monumental de El Alto foi palco de um capítulo para o futebol chileno. A derrota por 2 a 0 para a Bolívia selou a eliminação da seleção chilena da Copa do Mundo de 2026.
Mesmo com a Bolívia jogando com um homem a menos durante boa parte da partida, foi a equipe boliviana que demonstrou mais garra, organização e eficiência.
Os gols de Miguelito e Enzo Monteiro não apenas garantiram três pontos preciosos para os bolivianos, como também enterraram as últimas esperanças da equipe comandada por Ricardo Gareca de alcançar, ao menos, a zona de repescagem.
Três copas seguidas fora do Mundial
Com apenas 10 pontos conquistados nas Eliminatórias Sul-Americanas, o Chile se despede mais uma vez da principal competição do futebol mundial. Esta é a terceira vez consecutiva que a “La Roja” fica de fora de uma Copa do Mundo.
Desde a participação no Brasil em 2014, quando protagonizou um emocionante confronto contra os donos da casa nas oitavas de final, o time chileno não conseguiu mais se classificar.
A ausência em 2018, repetida em 2022 e agora confirmada para 2026, representa uma decadência preocupante de uma seleção que já foi temida por sua intensidade e técnica, especialmente durante o ciclo vitorioso da geração bicampeã da Copa América.
A pressão sobre Ricardo Gareca
A contratação de Ricardo Gareca, técnico argentino que fez história com a seleção peruana, gerou grandes expectativas entre torcedores e dirigentes chilenos. Sua experiência nas Eliminatórias e a capacidade de transformar seleções em equipes competitivas pareciam ser a receita ideal para o momento de transição vivido pelo futebol chileno.
No entanto, os resultados em campo não corresponderam à esperança depositada em seu trabalho. A falta de padrão tático, a baixa produção ofensiva e o número elevado de falhas defensivas contribuíram para o fracasso da campanha. A pressão sobre o treinador deve aumentar consideravelmente, e sua permanência no cargo está em xeque.
A queda de uma geração e a falta de renovação
Um dos grandes problemas enfrentados pelo Chile nos últimos anos é a dificuldade em renovar sua seleção. Após o auge vivido entre 2015 e 2016, com os títulos da Copa América e da Copa América Centenário, a geração de ouro formada por jogadores como Alexis Sánchez, Arturo Vidal, Claudio Bravo e Gary Medel não teve sucessores à altura.
Muitos jovens promissores não conseguiram se firmar, e o futebol nacional parece ter estagnado em termos de formação e revelação de talentos. A ausência em três Copas consecutivas é reflexo direto dessa estagnação. A dependência de veteranos, alguns já em final de carreira, escancarou a falta de um projeto de transição geracional.
O crescimento dos concorrentes sul-americanos
Outro fator que contribuiu para a eliminação do Chile foi o fortalecimento de seleções antes vistas como coadjuvantes. A Bolívia, por exemplo, com a vitória desta terça, alcançou 17 pontos e se aproximou da zona de classificação, mantendo vivo o sonho de voltar à Copa do Mundo após 32 anos.
Venezuela, Equador e até mesmo Peru têm mostrado sinais de evolução, dificultando ainda mais a vida de seleções em crise como o Chile. A Conmebol se tornou ainda mais competitiva, e os pontos não vêm com facilidade para quem não apresenta um futebol consistente. A tradição, por si só, já não garante mais lugar entre os melhores.
O Chile está fora da Copa do Mundo de 2026. A notícia, embora esperada diante da campanha irregular nas Eliminatórias, choca pelo simbolismo que carrega. É o fim definitivo de um ciclo brilhante, marcado por glórias inéditas e por uma geração inesquecível. Mas, ao mesmo tempo, é a oportunidade de iniciar uma nova história.