Durante uma transmissão ao vivo na manhã da última quarta-feira (9), um repórter da Globo foi interrompido por um segurança enquanto cobria a crise no atendimento pediátrico do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB).
A situação expôs não apenas os desafios enfrentados pelos profissionais da imprensa em campo, mas também reacendeu discussões sobre o direito à informação e os limites da atuação de agentes de segurança em espaços públicos de interesse coletivo.
Incidente com repórter da Globo evidencia tensão
A ocorrência foi registrada durante o telejornal Bom Dia DF, da TV Globo, quando o jornalista Geraldo Beckher relatava, ao vivo, a superlotação no HMIB — um reflexo direto do aumento nos casos de doenças respiratórias, como a bronquiolite, que atinge principalmente bebês e crianças pequenas nesta época do ano.
Enquanto detalhava a situação enfrentada pelos pacientes, Beckher foi abordado por um vigilante da unidade, que tentou impedir a continuidade da gravação. O repórter reagiu de forma assertiva, destacando que o trabalho jornalístico buscava justamente evidenciar os obstáculos enfrentados pelos próprios usuários do serviço público de saúde.
Vale mencionar que a tentativa de obstrução ocorreu fora das áreas internas do hospital, em um espaço acessível ao público, onde o repórter exercia seu direito constitucional à liberdade de imprensa.
Observatório da Violência Contra Jornalistas
O caso ocorre no mesmo momento em que o Ministério da Justiça e Segurança Pública lançou oficialmente o Observatório da Violência Contra Jornalistas, conforme previsto na Portaria nº 116/2025. O novo órgão tem como objetivo monitorar e catalogar casos de violência e assédio contra comunicadores, além de sugerir políticas públicas e apoiar investigações relacionadas.
Dessa forma, a criação do observatório representa uma importante resposta institucional à crescente preocupação com a segurança dos profissionais da imprensa no exercício de suas funções.
Segundo a Secretaria Nacional de Justiça (Senajus), o mecanismo também inclui a participação ativa da sociedade civil organizada e de entidades representativas do jornalismo, como a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).
É importante mencionar que, para além de episódios isolados, como o enfrentado pelo repórter da Globo, o observatório visa coibir práticas que colocam em risco a liberdade de expressão, a integridade física dos profissionais e o direito da sociedade de ser informada de maneira transparente.