Um estudo conduzido na Alemanha e divulgado nesta semana apontou que o recebimento mensal de uma renda suficiente para garantir o sustento básico não leva as pessoas a trabalhar menos. Ao contrário, os participantes relataram melhorias significativas na saúde mental e no bem-estar geral.
A pesquisa, considerada a mais abrangente já feita no país sobre a Renda Básica Universal (RBU), acompanhou 107 indivíduos ao longo de três anos — de junho de 2021 a maio de 2024. Durante esse período, cada um deles recebeu 1.200 euros mensais (aproximadamente R$ 8.025), sem a exigência de trabalhar em troca. Para efeito comparativo, o estudo também analisou um grupo de controle composto por 1.580 pessoas que não receberam nenhum valor.
Resultados do estudo
Os dados da pesquisa indicaram que os participantes que receberam a renda básica não deixaram o mercado de trabalho em proporção maior do que aqueles que não foram contemplados. Além disso, demonstraram maior satisfação com a própria vida e uma sensação ampliada de autonomia sobre suas escolhas e trajetórias.
O Instituto Alemão de Pesquisa Econômica (DIW), responsável pelo levantamento, observou ainda que os beneficiários passaram a dedicar, em média, quatro horas a mais por semana a atividades sociais. Esse aumento pode estar ligado ao alívio financeiro proporcionado pela renda extra.
Apesar dessas mudanças no comportamento cotidiano, os especialistas ressaltam que não houve alteração significativa nas crenças políticas ou em traços psicológicos, como a disposição para assumir riscos. Para a psicóloga Susann Fiedler, uma das autoras do estudo, os participantes não mudaram de atitude por terem se transformado internamente, mas porque passaram a ter mais oportunidades concretas.
Renda Básica Universal
A RBU tem ganhado destaque nas discussões públicas ao redor do mundo, especialmente diante do avanço da inteligência artificial e das preocupações com um possível crescimento do desemprego em larga escala. A ideia consiste no repasse periódico e incondicional de uma quantia em dinheiro a todos os cidadãos, com o intuito de garantir condições mínimas de subsistência.
No Brasil, o tema também tem sido pauta entre economistas e formuladores de políticas públicas. Para viabilizar a adoção da RBU, especialistas sugerem medidas como a tributação de grandes fortunas, a reintrodução de impostos sobre lucros e dividendos, o aumento da carga tributária sobre o sistema financeiro e a taxação de bens de luxo, como iates e embarcações recreativas.