Na segunda-feira (21), a Agência Espacial Europeia (ESA) lançou dois relógios atômicos rumo à Estação Espacial Internacional (ISS) para o experimento ACES, com o objetivo de testar a teoria da relatividade de Einstein e realizar medições precisas do tempo.
O foguete Falcon 9, da SpaceX, decolou de Cabo Canaveral, na Flórida, e seguiu em direção à ISS, que está localizada a 400 km de distância. Uma vez na estação, um braço robótico será responsável por instalar os relógios no módulo Columbus, onde permanecerão por 30 meses, reunindo dados valiosos.
Teoria de Einstein
O tempo é crucial para tecnologias como GPS e sistemas de geolocalização. Simon Weinberg, líder do projeto ACES, destacou que, desde a teoria da relatividade geral de Einstein, sabemos que o tempo não é uniforme em todos os lugares. Ele diminui nas proximidades de objetos massivos, como a Terra, onde o tempo passa mais rápido no topo de altas construções, como a Torre Eiffel.
Esse fenômeno, embora pequeno na Terra, se torna mais perceptível à medida que nos distanciamos do planeta. Satélites de GPS já compensam esse efeito, pois seus relógios atômicos, localizados a 20 mil km de altitude, avançam 40 microssegundos por dia em comparação com os relógios terrestres. O projeto ACES busca aprimorar a medição desse “desfasamento gravitacional”, alcançando uma precisão de uma milionésima, utilizando dois relógios atômicos.
Relógios quânticos
O relógio principal, chamado Pharao, utiliza átomos de césio resfriados a temperaturas quase no zero absoluto (-273 ºC) e imobilizados em um vácuo, permitindo medições de tempo com uma precisão sem igual. Junto a um maser de hidrogênio, Pharao será capaz de medir o tempo com um erro de apenas um segundo a cada 300 milhões de anos.
Os sinais desses relógios serão transmitidos para a Terra, onde serão comparados com os tempos medidos por nove terminais em diversos países. As discrepâncias serão analisadas para avaliar se as medições estão de acordo com as previsões da teoria da relatividade. Se houver diferenças, novas teorias físicas podem surgir, oferecendo novas perspectivas sobre a relação entre a relatividade geral e a física quântica, duas teorias essenciais, mas ainda incompatíveis.