Em um momento histórico do Brasil, antes do dólar atingir valores seis vezes superiores ao real, houve um breve intervalo em que R$ 1 superou o valor de US$ 1. Esse cenário ocorreu entre 1994 e 1999, quando o governo implementou um controle artificial da taxa de câmbio como parte de seus esforços para estabilizar a economia, que havia sido fortemente impactada pela hiperinflação.
Com a implementação do Plano Real, em 1º de julho de 1994, o real passou a ser atrelado ao dólar, estabelecendo a paridade de R$ 1 para US$ 1. No mês de outubro daquele ano, a cotação do dólar chegou a ser de aproximadamente R$ 0,82. De acordo com o economista Jason Vieira, essa política de controle cambial foi essencial para estabilizar os preços e conter a inflação.
Real mais valioso
Embora tenha controlado a hiperinflação, a política cambial prejudicou as contas externas do Brasil, forçando o governo a pedir empréstimos ao FMI. Para os consumidores, os produtos importados ficaram mais baratos, o que favoreceu as lojas de “R$ 1,99”.
No entanto, em 1999, o governo abandonou o controle cambial, resultando em uma desvalorização de 80% do real em relação ao dólar. Isso levou ao aumento dos preços dos importados, à inflação e à queda do poder de compra do brasileiro, fazendo com que os preços nas lojas de “R$ 1,99” mais que dobrassem.
Embora a desvalorização do real tenha causado dificuldades internas, ela trouxe benefícios para as exportações brasileiras, corrigindo o déficit da balança comercial. A fraqueza da moeda favoreceu o comércio exterior, tornando as exportações brasileiras mais competitivas. “O setor externo estava muito prejudicado com o real valorizado. Ao flexibilizar o controle cambial, o governo impulsionou o comércio exterior“, explica Vieira.
Cotação do dólar atualmente
Atualmente, o mercado financeiro está atento à situação fiscal do Brasil, especialmente após os recentes leilões de venda de dólares realizados pelo Banco Central para conter a queda do real. No dia 19 de dezembro, a instituição fez dois leilões, vendendo US$ 8 bilhões no total, com o objetivo de controlar a cotação da moeda americana, que chegou a R$ 6,30 antes de recuar para menos de R$ 6,20.
Além disso, o relatório de inflação do Banco Central indicou que a meta de inflação de 2024 será novamente descumprida, pela terceira vez consecutiva, com a previsão de que a inflação ultrapasse os 3%, limite estabelecido pela meta.