Recentemente, um ranking inédito elaborado pelo Instituto IPS Brasil revelou dados surpreendentes sobre a qualidade de vida nas cidades brasileiras, destacando uma cidade pouco conhecida: Presidente Lucena, no Vale do Sinos, no Rio Grande do Sul. Essa cidade, que ocupa a 11ª posição no ranking, obteve uma nota de 70,14 sobre 100, posicionando-se entre as 20 melhores do país, e desafiando a ideia de que grandes centros urbanos são sempre os melhores para se viver.
A pesquisa foi realizada com base em indicadores de progresso social fornecidos por órgãos importantes como os Ministérios da Saúde e da Cidadania, avaliando todos os 5.570 municípios do Brasil. Com uma metodologia, a pesquisa se concentra em aspectos da vida cotidiana das pessoas, ao invés de analisar apenas dados econômicos ou de infraestrutura.
Metodologia do ranking
O índice elaborado pelo IPS Brasil, embora inspirado em um estudo internacional que analisa 170 países, tem com a qualidade de vida das pessoas, independentemente de uma cidade ser maior ou mais desenvolvida. Os pesquisadores dividiram os temas em três grandes áreas de análise:
- Necessidades humanas básicas: Aspectos fundamentais como alimentação, segurança, acesso à água potável e saneamento básico.
- Fundamentos do bem-estar: Saúde, educação, qualidade ambiental e bem-estar geral da população.
- Oportunidades: Proteção aos direitos humanos, inclusão social e acesso ao ensino superior.
Esses indicadores, que vão além de uma simples análise econômica ou de infraestrutura, ajudam a medir o impacto real que o ambiente urbano tem na vida dos cidadãos. Esse foco em fatores qualitativos torna o ranking mais humanizado, evidenciando como as políticas públicas podem melhorar a vida dos moradores das cidades.
Gavião Peixoto lidera o ranking
A liderança do ranking ficou com Gavião Peixoto, uma pequena cidade no interior de São Paulo, que obteve uma nota de 74,49. A cidade, que tem uma população de pouco mais de 7 mil habitantes, se destacou nas três áreas analisadas, principalmente por seu bom desempenho em saúde e segurança.
Entretanto, a grande surpresa foi a inclusão de Presidente Lucena, uma cidade relativamente desconhecida fora do estado do Rio Grande do Sul. Localizada no Vale do Sinos, ela obteve uma nota de 70,14, o que a colocou em 11º lugar no ranking geral, entre grandes cidades como Brasília e Goiânia. Esse resultado indica que a cidade, apesar de seu porte pequeno, consegue garantir qualidade de vida por meio de políticas públicas focadas nas necessidades humanas básicas e no bem-estar de sua população.
Impacto de um município na vida dos cidadãos
O IPS Brasil destaca que o município é a menor unidade administrativa com competência para promover mudanças reais na vida dos cidadãos. A administração local é responsável por serviços essenciais como saneamento básico, pavimentação de ruas, criação de praças e arborização, além de ser um ator fundamental na promoção da educação, saúde e meio ambiente, com apoio de esferas estadual e federal.
Essa gestão local tem um impacto na qualidade de vida, e é justamente aí que cidades como Presidente Lucena e Gavião Peixoto se destacam: elas oferecem uma infraestrutura básica de qualidade e serviços que atendem às necessidades dos moradores, além de promover um ambiente saudável e seguro.
Presença de São Paulo
Um dado interessante do ranking é a forte presença do estado de São Paulo, que tem 12 cidades no “top 20”, incluindo São Carlos, Indaiatuba e Araraquara. Isso pode ser explicado pela boa gestão local, investimentos em saúde e educação e políticas públicas eficazes que garantem qualidade de vida à população.
A cidade de São Paulo, apesar de ser o maior centro urbano do país, aparece em posições intermediárias, refletindo os desafios das grandes metrópoles em oferecer qualidade de vida a todos os seus habitantes.
Qualidade de vida e as diferenças entre as regiões brasileiras
O ranking também evidencia as diferenças entre as diversas regiões do Brasil no que diz respeito à qualidade de vida. Embora o Sudeste se destaque com várias cidades no topo, regiões como o Norte e o Nordeste ficam mais abaixo no ranking. Isso reflete as desigualdades regionais e os desafios enfrentados por cidades de regiões menos desenvolvidas em termos de infraestrutura e acesso a serviços básicos.
Este ranking tem uma proposta de atualização anual, com o objetivo de acompanhar as mudanças na qualidade de vida nas cidades brasileiras e orientar políticas públicas para as áreas que mais necessitam de melhorias. O IPS Brasil espera que esse índice contribua para o aperfeiçoamento da gestão pública local e para a criação de novas estratégias para melhorar a vida das pessoas em todos os municípios.
Em um país de dimensões continentais como o Brasil, entender as nuances de qualidade de vida nas cidades e regiões é essencial para promover um desenvolvimento mais equitativo e sustentável. A pesquisa mostra que, mesmo em cidades pequenas e menos conhecidas, é possível alcançar altos índices de qualidade de vida, especialmente quando há uma gestão pública comprometida com o bem-estar da população.