A CPI das Bets, que investiga o impacto das apostas online na vida dos brasileiros, ganhou novos contornos com a participação do padre Patrick Fernandes, figura que soma milhões de seguidores nas redes sociais.
O líder religioso compareceu voluntariamente à comissão da última quarta-feira (21) e chamou a atenção ao classificar o vício em jogos como um problema de saúde pública.
O religioso fez questão de destacar os riscos que as apostas representam, sobretudo quando divulgadas por influenciadores digitais para um público jovem e altamente suscetível. Vale mencionar que ele próprio revelou já ter sido procurado para realizar campanhas publicitárias para casas de apostas, mas recusou qualquer envolvimento.
A participação do padre na CPI ocorreu após ele publicar um vídeo solicitando espaço na comissão. Durante sua fala, ele abordou as consequências psicológicas da ludopatia, reconhecida como transtorno mental pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
De acordo com ele, os impactos vão muito além da questão financeira, gerando ansiedade, depressão e abstinência, efeitos semelhantes aos observados em outros tipos de vício.
Influenciadores na mira da CPI das Bets
Além da presença do padre Patrick, a CPI das Bets, instalada no Senado em novembro de 2024, tem sido palco de depoimentos de diversos influenciadores digitais. Isso porque a comissão apura se essas personalidades lucram em cima das perdas dos apostadores.
É importante mencionar que a influencer Virginia Fonseca, que acumula mais de 53 milhões de seguidores, esteve entre os convocados. Durante a audição, ela confirmou já ter realizado campanhas para plataformas de apostas, embora tenha evitado revelar os valores ganhos.
Embora garanta que os jogos de azar ajuda a faturar uma renda extra, a influenciadora garantiu que sua fortuna não vem das apostas, tampouco do patrocínio por divulgar os jogos. Isso porque, segundo Virginia, sua empresa, a WePink, faturou R$ 750 milhões em 2024.
Essa informação fez o público questionar os motivos que levaram Virgínia a divulgar os jogos de azar, uma vez que apenas uma de suas empresas é capaz de construir uma pequena fortuna.
Outro nome em destaque é o do criador de conteúdo Felca, que se consolidou como o maior crítico digital das bets no país. Com 20 milhões de seguidores, ele relatou ter recusado uma proposta de R$ 50 milhões para promover uma casa de apostas.
Sua postura firme chamou a atenção da senadora e relatora da CPI, Soraya Thronicke, que já o convidou para participar da comissão.
Saúde pública e impactos sociais
Dessa forma, a CPI não apenas discute os impactos econômicos das apostas online, mas também lança luz sobre os efeitos na saúde mental da população. Isso porque relatos de famílias afetadas pelo vício em jogos têm sido constantes, tanto nas igrejas quanto nas redes sociais.
Com isso, cresce a pressão sobre os influenciadores, que começam a ser cobrados por maior responsabilidade na escolha dos produtos e serviços que divulgam. A comissão, que tem previsão de encerrar os trabalhos em 14 de junho, segue movimentando o debate público, enquanto a possibilidade de prorrogação é considerada remota pelos senadores envolvidos.