Um levantamento recente, realizado pela NielsenIQ (NIQ), mostrou que as promoções em lojas de alimentos e bebidas estão em queda no Brasil, refletindo um cenário econômico desafiador que afeta consumidores, varejistas e indústrias.
A pesquisa “Prato cheio de desafios”, divulgada em 2024, indica que o índice de mercadorias com preços temporariamente reduzidos (TPR), aquelas com cortes acima de 5%, teve recuo significativo em comparação com o ano anterior.
Vale mencionar que o comportamento é atribuído à escalada da inflação, à pressão nos custos e ao aumento dos juros, fatores que limitam a capacidade de concessão de descontos. Com isso, a redução mais evidente ocorreu justamente nos segmentos mais sensíveis aos reajustes, como alimentos e bebidas.
Outro detalhe importante é que em 2024, os itens estáveis e com preços promocionais recuaram 3,5% na cesta de alimentos e 1,1% em bebidas.
Menos promoções, maior dificuldade de consumo
É importante mencionar que a redução nas promoções impacta diretamente o consumidor final, principalmente as famílias de menor renda. O recuo nas ações promocionais, aliado à inflação acumulada de 10,6% em alimentos até fevereiro de 2025, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), pressiona o orçamento doméstico.
Os produtos comumente vendidos em embalagens maiores, como os de “tamanho família”, também perderam espaço nas prateleiras, dificultando estratégias de economia por volume.
Vale mencionar que o chamado “efeito mix”, variação causada pela mudança na composição dos produtos comprados, também contribuiu negativamente para a receita em sete das doze categorias analisadas.
Isso porque, diante da alta dos preços, os consumidores estão optando por produtos mais baratos, impactando a rentabilidade das vendas e reduzindo ainda mais o espaço para promoções.
Inflação elevada pressiona o setor de alimentos
Outro detalhe importante é que o aumento generalizado de preços foi agravado por fatores climáticos e cambiais. A valorização do dólar frente ao real em 2024, somada à quebra de safra provocada por chuvas no Sul e temperaturas extremas, pressionou a oferta de alimentos in natura, como ovos e café, que registraram altas expressivas.
Além disso, a inflação acumulada nos últimos 12 meses chegou a 5,68% em abril de 2025, com destaque para a elevação nos custos de energia e serviços. A taxa básica de juros, atualmente em 13,25% ao ano, tende a permanecer alta, reduzindo o consumo e dificultando a recuperação do volume de vendas.