O Brasil caminha para uma das maiores safras de grãos de sua história, impulsionado por condições climáticas favoráveis, avanços tecnológicos no campo e ampliação de áreas plantadas.
A expectativa de colheita recorde, se confirmada, pode ajudar a frear a escalada dos preços dos alimentos, mas os efeitos disso na mesa do consumidor ainda devem demorar alguns meses para aparecer.
Produção de grãos pode aumentar muito, mas preços devem continuar
A estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2024/2025 indica um salto significativo na produção, podendo atingir 328,3 milhões de toneladas de grãos — um avanço de mais de 30 milhões de toneladas em relação ao ciclo anterior.
Esse crescimento é atribuído, em grande parte, ao aumento da produtividade nas lavouras de milho e soja, à recuperação de áreas atingidas por eventos climáticos em anos anteriores e à adoção de técnicas de manejo mais eficientes por parte dos produtores.
Outro fator decisivo para o crescimento esperado é a estabilidade no fornecimento de insumos agrícolas, como fertilizantes e defensivos, que vinha sendo um desafio em anos recentes.
A normalização nas cadeias globais de suprimento ajudou a garantir uma preparação mais robusta para a safra atual, o que deve refletir diretamente no volume colhido.
Além disso, a perspectiva de clima mais regular durante o ciclo das culturas contribui para consolidar um cenário promissor no campo.
Maior safra de grãos deve reduzir preços de alimentos
Apesar do otimismo quanto à oferta, a redução dos preços no varejo não deve ser imediata.
Entre o grão colhido e o produto final nas prateleiras existe um intervalo marcado por diversas etapas: transporte, beneficiamento, armazenagem, distribuição e comercialização.
Esse processo demanda tempo e está sujeito a gargalos logísticos que, se não forem resolvidos, podem atrasar a chegada do efeito positivo ao consumidor final.
Economistas apontam que os reflexos da supersafra no custo de produtos como arroz, milho e derivados devem começar a ser sentidos apenas no segundo semestre de 2025.
Questões como a alta no frete, a concorrência das exportações e a volatilidade cambial também influenciam o ritmo dessa queda.
Grãos como milho e soja, por exemplo, são altamente demandados no mercado externo, e uma cotação do dólar mais elevada pode incentivar os produtores a priorizar a venda para fora do país, reduzindo a oferta interna e sustentando os preços locais.
Em resumo, a supersafra é uma boa notícia, mas seus benefícios para o bolso do consumidor levarão algum tempo para se concretizar.