José Hiran Gallo, presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), alerta para os riscos da expansão desordenada dos procedimentos estéticos, marcada pelo aumento de profissionais sem qualificação, resultando em complicações graves e até mortes.
Antes restritas a médicos e focadas na correção de imperfeições, essas intervenções passaram a ser vistas como aprimoramento da aparência, impulsionadas pelo avanço tecnológico e pela redução de custos. Embora tenham se tornado mais acessíveis, a falta de fiscalização e a atuação de não médicos ampliam os riscos, exigindo maior controle para garantir a segurança dos pacientes.
Riscos da estética
A venda clandestina de substâncias de uso restrito continua sendo uma preocupação séria, especialmente pela facilidade de acesso a esses produtos na internet. Itens como o PMMA, conhecidos por seus riscos à saúde, seguem disponíveis no mercado sem um controle eficiente, colocando em perigo aqueles que buscam procedimentos estéticos sem a devida orientação profissional.
Além disso, há um debate sobre o que caracteriza um procedimento invasivo. Segundo Gallo, qualquer técnica que envolva a penetração da pele ou órgãos internos, como o uso inadequado de ácido hialurônico ou laser, pode resultar em complicações graves, incluindo necrose e queimaduras. Por isso, ele defende que tais procedimentos sejam realizados exclusivamente por médicos capacitados, que possuem o conhecimento necessário para avaliar riscos e intervir em caso de intercorrências.
Recomendações do CFM
Uma operação recente da Anvisa identificou diversas irregularidades em clínicas de estética, incluindo o uso de produtos vencidos e equipamentos contaminados. No entanto, Gallo alerta que medidas isoladas não resolvem o problema e defende a necessidade de uma fiscalização contínua.
Para ele, é fundamental que vigilâncias sanitárias, Ministério Público e forças policiais intensifiquem o controle sobre esses estabelecimentos, além de uma regulamentação mais rigorosa para cursos que ensinam técnicas invasivas a pessoas sem formação médica.
O CFM encara com cautela a proposta de criação de um Conselho Federal de Estética e Cosmetologia, argumentando que o foco inicial deve estar no fortalecimento da fiscalização. Como solução para coibir a atuação irregular, Gallo sugere a criação de delegacias especializadas em crimes contra a saúde, que poderiam ajudar no combate à prática ilegal da medicina e à comercialização de substâncias de risco.