Nas últimas duas semanas, consumidores de várias regiões do Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul, perceberam uma significativa queda no preço dos ovos nos supermercados.
Em alguns locais, a bandeja de 20 unidades passou de R$ 17 para cerca de R$ 13, uma deflação de até 35%. O fenômeno despertou curiosidade entre os clientes e acendeu especulações sobre uma possível ligação com o recente caso de gripe aviária detectado no estado.
Gripe aviária? Não, o motivo é outro
Apesar das suspeitas iniciais, autoridades e representantes do setor garantem que a queda de preço não está relacionada ao caso de gripe aviária identificado em Montenegro, no Vale do Caí, em 15 de maio. Segundo a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), não há qualquer ligação entre a baixa nos preços dos ovos e o foco sanitário registrado na região.
O presidente da Agas, Antônio Cesa Longo, explicou que o fenômeno é resultado da forte concorrência entre as mais de 6.500 lojas de supermercados do estado. “Os ovos se tornaram um produto estratégico para atrair consumidores devido ao seu custo-benefício como fonte de proteína”, disse Longo.
A força da concorrência no varejo
De acordo com os especialistas do setor, o ovo vem se consolidando como um dos produtos mais populares na cesta básica brasileira. Com o crescimento da demanda por fontes de proteína acessíveis, o mercado passou a disputar mais agressivamente os consumidores com ofertas competitivas.
Além disso, o ovo é utilizado como chamariz em encartes promocionais de supermercados, que aceitam reduzir suas margens nesse item para estimular o consumo de outros produtos dentro da loja.
Caso da gripe aviária em Montenegro
O surto de gripe aviária foi identificado em uma granja de aves silvestres no município de Montenegro, e medidas de contenção foram rapidamente implementadas. O governo estadual já concluiu inspeções preventivas em todas as 19 propriedades com aves num raio de três quilômetros do foco.
A Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) já foi notificada, e o Brasil está em processo de erradicação oficial do caso. Até o momento, não houve impacto direto no consumo de carne de frango ou ovos.
As autoridades reforçam que o consumo de ambos os produtos continua sendo seguro, pois a doença não é transmitida por meio de ingestão.
Frango sim, ovo não
Enquanto os ovos mantêm sua estabilidade de mercado, o frango já apresenta algum reflexo indireto da gripe aviária. Com a interrupção temporária de exportações para alguns mercados, há um maior volume de carne de frango disponível internamente, o que resultou em uma redução de cerca de 8% no seu preço nas prateleiras.
Mesmo assim, a Associação Avícola do Rio Grande do Sul acredita que o setor terá condições de manter a estabilidade nos próximos 30 dias, redirecionando a produção para outros mercados ou unidades federativas.
Segurança do consumo reforçada pelas autoridades
O Serviço Veterinário Oficial (SVO-RS) reitera que os ovos e a carne de frango disponíveis no comércio são seguros para o consumo. A transmissão da influenza aviária ocorre exclusivamente por contato direto com animais infectados ou superfícies contaminadas, e não pelo consumo de produtos processados ou cozidos.
Essa informação é essencial para afastar rumores que poderiam gerar pânico injustificado ou retração nas vendas de produtos avícolas.
Visão do consumidor
Para o consumidor final, a redução no preço dos ovos veio como um alívio importante no orçamento familiar. O aposentado Jurandi Bastos, de 80 anos, relatou a queda de R$ 4 na bandeja de 20 ovos em um supermercado de Ivoti. “É bom para a nossa cesta básica. E acho que não tem nada a ver com a gripe, pelo que vi nas notícias”, afirmou.
De fato, para muitas famílias, os ovos são alternativa essencial às carnes mais caras, e qualquer variação para baixo no preço representa maior capacidade de compra e melhor qualidade de alimentação.
Expectativas para as próximas semanas
A expectativa é que os preços dos ovos permaneçam em patamares acessíveis nas próximas semanas, sustentados pela competitividade entre supermercados e pela oferta regular do produto.
Por outro lado, o setor permanece em alerta quanto à gripe aviária, monitorando a evolução do caso isolado em Montenegro e reforçando as ações preventivas para evitar qualquer impacto mais amplo na cadeia produtiva.
Embora o surto registrado em Montenegro tenha chamado atenção, as autoridades e o setor produtivo foram ágeis em conter a situação e tranquilizar o consumidor quanto à segurança dos produtos.