O Brasil é um país de grandes dimensões, cuja superfície apresenta uma grande diversidade de formas de relevo, incluindo planícies, serras e chapadas.
No entanto, uma característica marcante que chama a atenção para quem estuda geografia é a ausência de vulcões ativos em seu território. Mas, afinal, por que o Brasil não possui vulcões em atividade?
A posição do Brasil na crosta terrestre
O principal fator que explica a inexistência de vulcões ativos no Brasil é sua localização geológica. O país está situado no centro da Placa Sul-Americana, uma grande porção da crosta terrestre que não faz fronteira direta com outras placas tectônicas.
A maioria dos vulcões ativos no mundo está localizada nas bordas das placas tectônicas, onde há colisões, subducções ou afastamentos entre essas enormes “lajes” de rocha que compõem a superfície da Terra.
Por estar distante dessas zonas de contato, o Brasil está numa região considerada tectonicamente estável, chamada de “cráton”. Portanto, não há movimentações intensas no manto terrestre que provoquem o surgimento ou a atividade de vulcões.
Formação geológica antiga e desgaste do relevo
O relevo brasileiro tem uma história geológica muito antiga, remontando às eras Arqueozoica e Proterozoica, que ocorreram bilhões de anos atrás. Isso influencia diretamente a sua composição e características atuais.
Durante essas eras, o território brasileiro já passou por diferentes processos geológicos, inclusive com atividade vulcânica em algumas regiões.
Contudo, os antigos vulcões que existiram no passado foram submetidos a milhares de anos de desgaste causado pela ação dos agentes externos, como água, vento, variações climáticas, entre outros. Com isso, eles foram lentamente destruídos e enterrados pelo tempo.
Hoje, esses vulcões não existem mais em forma visível, e não apresentam nenhum sinal de atividade ou possibilidade de erupção.
O vulcão mais antigo conhecido no Brasil
Uma curiosidade interessante é que o vulcão mais antigo do mundo conhecido pela ciência está no território brasileiro. Ele fica na região amazônica, entre os rios Tapajós e Jamanxim.
Esse vulcão tem aproximadamente 1,9 bilhão de anos, uma marca de tempo quase inimaginável. Apesar de sua antiguidade, ele não apresenta qualquer sinal de atividade e está completamente extinto, servindo mais para o estudo da geologia do que para qualquer preocupação com erupções.
Boatos e falsas informações sobre vulcões no Brasil
Ao longo dos anos, surgiram várias notícias e boatos sobre a existência de vulcões ativos em algumas regiões brasileiras. Entretanto, a maioria dessas histórias é fruto de mal-entendidos, interpretações erradas ou até mesmo invenções.
Por exemplo, circulou uma notícia sobre cientistas americanos terem descoberto um vulcão ativo na cidade de Santos, porém, essa pesquisa nunca existiu. No bairro do Macuco, uma escavação gerou fontes de gases quentes que foram confundidas com atividade vulcânica, mas tratava-se apenas de um poço artesiano.
Na cidade de Poços de Caldas, embora seja uma região de origem vulcânica antiga, o vulcão está completamente extinto, e hoje a área é um planalto. A ideia de que a cidade foi construída em uma “caldeira” de vulcão é incorreta, já que o afundamento do relevo é causado por intrusões graníticas.
Em Caldas Novas e Rio Quente, a presença de águas quentes levou algumas pessoas a supor que haveria vulcões ativos na região, mas o fenômeno é causado pelo aquecimento geotérmico, que não tem relação com vulcanismo.
A ciência continua estudando a geologia brasileira para entender melhor seu passado e suas transformações. É fundamental desconstruir mitos e boatos para que o conhecimento geográfico e científico seja transmitido de forma clara e precisa.