No fim da manhã desta quarta-feira (07/05), teve início, no Vaticano, o aguardado Conclave que decidirá o próximo líder da Igreja Católica. A celebração, transmitida ao vivo para todo o mundo, marcou a abertura do processo que, ao longo de décadas, tem definido o rumo do catolicismo global.
Durante a entrada solene dos cardeais na Basílica de São Pedro, um detalhe chamou a atenção de muitos fiéis e telespectadores: nem todos os cardeais estavam trajados com as tradicionais vestes vermelhas romanas.
Entre o vermelho predominante, destacavam-se roupas mais escuras, ornamentos exóticos e símbolos orientais que intrigaram o público.
Por que alguns cardeais usam roupas diferentes da maioria no conclave?
Essa diferença de trajes no Conclave não se trata de descuido ou quebra de protocolo. Ela reflete a diversidade litúrgica da própria Igreja Católica, composta por um conjunto de igrejas que compartilham a mesma fé e submissão ao Papa, mas preservam tradições distintas.
Os cardeais que se vestem de maneira diferente pertencem às chamadas Igrejas Católicas Orientais — como a Maronita, a Copta, a Siríaca, a Melquita e a Caldeia.
Esses ritos orientais estão em plena comunhão com o Vaticano, reconhecendo a autoridade do Papa, mas seguem práticas próprias quanto à liturgia, vestes, disciplinas e cultura clerical.
Assim, quando figuras como o cardeal Béchara Boutros Raï, patriarca da Igreja Maronita do Líbano, entram na basílica para o Conclave com paramentos típicos de seu rito, não é apenas uma questão estética, mas uma afirmação da pluralidade interna da Igreja Católica.
Outro exemplo é o cardeal Antonios Naguib, do Egito, representante da Igreja Copta Católica, cujas vestes lembram as dos coptas ortodoxos.
Também chama atenção o cardeal Ignace Joseph III Younan, da Igreja Siríaca Católica, com trajes que seguem tradições bem distintas das ocidentais.
Como funciona o Conclave que começou hoje e elege o novo papa?
A cerimônia desta manhã, chamada Missa Pro Eligendo Pontifice, teve um caráter solene e simbólico. Os cardeais entraram em procissão pela nave central da Basílica de São Pedro, formando um corredor isolado entre os fiéis até se posicionarem ao redor do altar.
O rito contou com a queima de incenso e cânticos sagrados, em um ambiente de introspecção e oração, conduzido pelo cardeal decano Giovanni Battista Re. Foi o último momento público dos eleitores antes do isolamento total exigido pelo Conclave, que já no início desta tarde deve realizar sua primeira votação.
Contudo, é importante destacar que, apesar da expectativa global, historicamente é raro que o novo pontífice seja escolhido no primeiro dia do Conclave.
Caso não haja consenso já na votação inicial, o processo segue com até quatro rodadas diárias de votação nos dias seguintes — duas pela manhã e duas à tarde.
Cada cardeal escreve o nome do candidato escolhido em uma cédula, que é depositada em uma urna. Após a contagem e a verificação dos votos, as cédulas são queimadas.
A cor da fumaça que sai da chaminé da Capela Sistina informa ao mundo o resultado: branca, se há novo papa; preta, se a escolha foi inconclusiva. Se após três dias não houver definição, o Conclave é suspenso por um dia para orações e reflexão.
O processo pode durar vários dias, mas quando o consenso for atingido, o mundo assistirá à primeira aparição do novo papa na sacada da Basílica — o início de um novo capítulo na história da Igreja.