O setor funerário no Brasil vive uma transformação profunda em seu modelo de atuação. Tradicionalmente centradas em atender apenas após o falecimento, as funerárias agora se envolvem de forma proativa no planejamento antecipado das despedidas.
Esse movimento reflete uma mudança cultural crescente, na qual as pessoas reconhecem que organizar a própria partida com antecedência, da mesma forma que se planeja outras fases da vida, traz conforto emocional, facilita o controle financeiro e possibilita cerimônias mais customizadas.
Planejamento de despedida
Atualmente, é possível planejar com antecedência opções como cremação ou sepultamento, escolher o formato do ritual e organizar homenagens que respeitem a trajetória e as crenças do falecido. Embora essa prática já seja comum em países como os Estados Unidos, ela está começando a se popularizar no Brasil, proporcionando aos familiares mais serenidade e evitando decisões tomadas no calor do luto.
Além dos aspectos logísticos, o cuidado emocional ganha destaque nesse novo cenário. Muitas funerárias têm investido no treinamento de suas equipes para oferecer um atendimento mais sensível e humano, além de disponibilizar suporte psicológico tanto antes quanto depois da perda. A clareza na comunicação sobre custos e procedimentos também tem sido prioridade desses planejamentos.
Mercado e tabus
Segundo a consultoria King’s Research, o mercado mundial de serviços funerários foi estimado em US$ 62,23 bilhões em 2023 e deve alcançar US$ 93,05 bilhões até 2031, apresentando uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 5,24% durante esse período. No Brasil, o setor movimenta cerca de R$ 13 bilhões por ano, conforme dados da Zurik Advisors, em estudo solicitado pelo Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil (Sincep).
Embora o mercado tenha avançado, o tabu em torno da morte ainda representa um obstáculo. A ideia de fazer um planejamento para a própria despedida pode causar desconforto para muitas pessoas. Entretanto, a disseminação de iniciativas educativas e a promoção de conversas mais abertas sobre a morte como um processo natural da vida têm ajudado a transformar essa visão.