Nelson Piquet, tricampeão mundial de Fórmula 1, com vitórias em 1981, 1983 e 1987, é um dos nomes mais populares do automobilismo mundial. Reconhecido por sua habilidade nas pistas e, principalmente, por seu estilo irreverente e polêmico fora delas, o brasileiro se tornou uma figura complexa, misturando conquistas no esporte com negócios de sucesso e controvérsias públicas.
Nelson Piquet começou sua carreira na Fórmula 1 em 1978 e rapidamente se destacou pelo talento e estilo agressivo de pilotagem. Seus três títulos mundiais o colocaram entre os grandes nomes da história da categoria, e ele foi fundamental para o desenvolvimento de várias equipes, como a Brabham. Piquet sempre foi um piloto complexo, conhecido por seu temperamento forte e sua busca incessante pela vitória, o que gerou tanto admiradores quanto inimigos no mundo das corridas.
No entanto, apesar de ter sido um dos pilotos mais bem pagos de sua época, Piquet não conseguiu escapar das tensões e rivalidades características do esporte. Após se aposentar oficialmente em 1991, o ex-piloto começou a trilhar novos caminhos no mundo dos negócios.
Transição do esporte para o mundo dos negócios
Após a aposentadoria, o acidente nas 500 Milhas de Indianápolis, em 1992, foi o divisor de águas na vida de Piquet. Com fraturas graves e sequelas que o impediram de retornar ao automobilismo, ele decidiu se dedicar a sua carreira empresarial. Sua primeira grande aposta foi a criação da AutoTrac, uma empresa de monitoramento de veículos via satélite, que se tornou um dos maiores sucessos de sua trajetória fora das pistas.
Em um período onde poucos ex-pilotos conseguem gerar frutos financeiros com seus investimentos, Piquet obteve lucros significativos com a AutoTrac. Segundo informações divulgadas em 2021, o ex-piloto detém 75,8% da empresa, que, em 2020, teve um lucro líquido de R$ 61,7 milhões. Este é apenas um dos exemplos de como Piquet se reinventou como empresário, ultrapassando seus ganhos enquanto ainda estava nas pistas de F1.
Além da AutoTrac, Piquet fundou a rede “Piquet Pneus”, que operava como uma franquia de lojas da Pirelli, e também entrou no ramo de revenda de automóveis de luxo. Esses negócios complementaram sua fortuna e solidificaram sua posição como um magnata nos bastidores.
Polêmico autódromo e os laços com a política
Em 1996, Nelson Piquet foi além no setor de negócios ao adquirir o autódromo localizado em Brasília, que foi renomeado para “Autódromo Internacional Nelson Piquet”. O local foi um marco na história do automobilismo nacional, mas, com o passar dos anos e a falta de manutenção, o circuito foi fechado para reformas em 2014 e permanece sem eventos desde então.
O nome do autódromo, associado ao seu legado nas pistas, tornou-se um tema de controvérsia após as recentes declarações polêmicas de Piquet sobre Lewis Hamilton, envolvendo racismo e homofobia. O deputado distrital Fábio Félix, após essas declarações, apresentou um projeto de lei na Câmara Legislativa do Distrito Federal para remover o nome de Piquet do autódromo, uma ação que gerou discussões sobre os limites da história e do legado.
Apoio à carreira do filho e o declínio na F1
Nelson Piquet também foi um forte apoiador da carreira de seu filho, Nelsinho Piquet, buscando dar a ele as mesmas oportunidades de sucesso no automobilismo. No entanto, a trajetória do filho na Fórmula 1 foi marcada por controvérsias.
Nelsinho se envolveu em um escândalo de manipulação de resultados no GP de Cingapura de 2008, o famoso “Crashgate”, que quase resultou na expulsão da Renault da categoria. Embora Nelsinho tenha se desculpado posteriormente, o episódio manchou a carreira da família Piquet na F1.
Aproximação com a política e apoio a Jair Bolsonaro
Nos últimos anos, Nelson Piquet também se destacou por sua crescente proximidade com a política. Em diversas entrevistas, Piquet expressou seu apoio incondicional ao ex-presidente Jair Bolsonaro, chegando a se envolver em eventos políticos ao lado do ex-mandatário.
Sua identificação com Bolsonaro gerou críticas, especialmente por seu apoio a atos polêmicos realizados pelo ex-presidente. Em 2021, o ex-piloto até conduziu o Rolls-Royce presidencial de Bolsonaro durante a cerimônia do Dia da Independência, uma cena que gerou grande repercussão nas redes sociais e se transformou em meme.
Piquet, que passou a ser conhecido por suas opiniões conservadoras, afirmou em uma entrevista que se considera “Bolsonaro até a morte”, posicionando-se como um defensor do ex-presidente em diversos momentos.
Hoje, aos 70 anos, Piquet segue sendo uma figura relevante tanto no esporte quanto no mundo dos negócios, sempre cercado de polêmicas, mas também com uma fortuna que supera as vitórias que conquistou nas pistas de F1.