Uma pesquisa genética realizada por psiquiatras da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) encontrou semelhanças genéticas entre médiuns que não estavam presentes em seus parentes. O estudo, divulgado em janeiro de 2025 no Brazilian Journal of Psychiatry, levanta a hipótese de que experiências espirituais podem ter uma fundamentação biológica.
Entre 2020 e 2021, a pesquisa examinou o exoma, a região do DNA responsável por codificar proteínas, de 54 médiuns e 53 familiares de primeiro grau sem dons mediúnicos. Os médiuns analisados atuavam há mais de dez anos em práticas voluntárias dentro da umbanda e do kardecismo.
Alterações genéticas
O estudo identificou 15.669 variantes genéticas exclusivas nos médiuns, afetando 7.269 genes dos cerca de 20 mil analisados. Dentre essas variantes, 33 estavam presentes em pelo menos um terço dos médiuns, sem serem encontradas nos familiares examinados.
Os cientistas também detectaram mudanças relevantes em genes ligados ao sistema imunológico e às respostas inflamatórias. A alteração mais frequente foi na proteína ZAP-70, encontrada em 43% dos médiuns estudados. Essa proteína, geralmente presente em linfócitos T e células NK, desempenha um papel fundamental na defesa do organismo.
Os pesquisadores também identificaram que as variantes genéticas descobertas estão ligadas à atividade da glândula pineal, uma estrutura cerebral responsável pela regulação da melatonina e tradicionalmente associada a experiências espirituais.
Estudo dos médiuns
Os pesquisadores enfatizam que, apesar das descobertas, nenhum dos genes analisados sugere predisposição a transtornos mentais ou físicos nos médiuns estudados. Embora ainda não seja possível determinar se essas variantes genéticas estão diretamente ligadas à mediunidade, os resultados representam um avanço na compreensão científica das experiências espirituais.
Segundo o espiritismo, médium é a pessoa que possui a capacidade de se comunicar com os espíritos, atuando como um intermediário entre os vivos e as almas dos falecidos. Além disso, é alguém que, supostamente, tem o dom de perceber eventos, fatos e ocorrências por meios sobrenaturais. A palavra tem origem no latim medĭum, que significa “intermediário”.