A introdução de novas tecnologias nos carros tem provocado opiniões divergentes entre os motoristas. De acordo com a Strategic Vision, a satisfação com a facilidade de uso dos controles dos veículos caiu de 79% em 2015 para 56% em 2024, refletindo um aumento nas dificuldades de adaptação a sistemas cada vez mais digitais.
A substituição de botões físicos por telas sensíveis ao toque e comandos capacitivos tem gerado desafios para os motoristas. A digitalização excessiva compromete a experiência de uso, exigindo maior atenção ao operar funções essenciais e dificultando a acessibilidade a determinados controles.
Tecnologia demais
A J.D. Power apontou um crescimento expressivo nas falhas de maçanetas eletrônicas, passando de 0,2 por cem veículos em 2020 para 3,1 em 2024. Embora inovações como carregadores sem fio e sensores automáticos sejam bem avaliadas, funcionalidades como comandos por gestos e telas para passageiros têm menor aceitação entre os usuários.
De acordo com a AutoPacific, recursos que demandam interação digital excessiva tendem a gerar insatisfação, já que os usuários valorizam sistemas mais práticos e intuitivos. Além disso, a ampliação da digitalização nos veículos influencia diretamente os gastos com manutenção.
Um levantamento da Mitchell revela que, em 2024, 25% dos reparos em veículos exigiram recalibração de sensores, gerando um custo extra médio de US$ 600. Além disso, a sofisticação dos sistemas eletrônicos pode contribuir para a elevação dos prêmios de seguro.
Carros mais simples
Um estudo da Escalent revelou que 28% dos consumidores de veículos novos preferem botões físicos em vez de interfaces totalmente digitais. Em resposta a essa demanda, algumas montadoras têm reintroduzido controles manuais em seus modelos mais recentes.
Além disso, a Euro NCAP anunciou que, a partir do próximo ano, automóveis equipados com comandos físicos para funções essenciais, como limpadores de para-brisa e luzes de emergência, receberão classificações de segurança superiores.
Pesquisas mostram que veículos com menor integração digital costumam manter melhor seu valor de revenda, enquanto os altamente automatizados apresentam maior desvalorização. Diante desse cenário, a indústria automotiva tem buscado um meio-termo entre inovação e funcionalidade, reavaliando a adoção de controles físicos para aprimorar a usabilidade e a satisfação dos condutores.