Uma vida boa vai além da simples busca por prazer ou sucesso. Ela envolve bem-estar integral, propósito e conexões significativas. Essa é a premissa do Estudo Global sobre a Prosperidade, uma pesquisa internacional conduzida por uma equipe interdisciplinar de mais de 40 pesquisadores.
Ao longo de cinco anos, mais de 200 mil pessoas em 22 países responderam a questionários sobre felicidade, saúde, propósito de vida, relacionamentos, segurança financeira e experiências de infância. O artigo foi originalmente publicado no site The Conversation e republicado sob licença Creative Commons.
O que leva à prosperidade?
A pesquisa adota o modelo de seis dimensões de bem-estar desenvolvido pelo Programa de Prosperidade Humana de Harvard, com o objetivo de avaliar o nível de prosperidade das pessoas em diferentes áreas da vida, incluindo aspectos emocionais, sociais e materiais.
- Relação entre riqueza e prosperidade: Países mais ricos, como Estados Unidos e Japão, não apresentaram os maiores níveis de bem-estar. A Indonésia destacou-se com altos índices de significado, conexões sociais e virtude, mesmo com menor poder econômico. México e Filipinas também apresentaram bons resultados, graças à forte coesão comunitária e à vida espiritual ativa.
- Bem-estar entre gerações: Jovens em diversos países relataram níveis mais baixos de bem-estar do que adultos mais velhos. Esse dado contraria a tradicional curva em U, que previa uma queda na meia-idade. A queda no bem-estar entre jovens pode estar ligada ao aumento dos problemas de saúde mental, instabilidade econômica e perda de sentido de vida.
- Influência da religiosidade: Frequentadores semanais de cultos religiosos relataram mais felicidade, propósito e apoio social, possivelmente devido aos “quatro Bs” da psicologia da religião: pertencimento, vínculo, comportamento e crença. No entanto, alguns também apontaram mais dor e sofrimento, o que pode refletir maior sensibilidade ou exposição a situações difíceis.
O estudo reconhece que aplicar um questionário padronizado em diversos países tem limitações, já que a ideia de “vida boa” pode ter significados distintos conforme a cultura. Por isso, os autores propõem expandir a pesquisa com metodologias que levem em conta os contextos locais, a fim de construir uma compreensão mais diversa e abrangente da prosperidade humana.