Um grupo de cientistas europeus conseguiu, pela primeira vez, simular em laboratório um fenômeno que, segundo teorias da física, pode representar o fim do Universo com tudo o que existe nele.
A equipe, liderada por físicos da Universidade de Uppsala, na Suécia, anunciou ter recriado, em escala microscópica, um processo que ameaça não só a existência da matéria como também as próprias leis que governam o cosmo.
Pesquisadores reproduzem o que pode apagar todo o Universo
O experimento gira em torno de uma hipótese conhecida como “decadência do falso vácuo”. Trata-se de uma ideia teórica que sugere que o universo atual não esteja em seu estado mais estável.
Em vez disso, ele poderia estar preso em uma condição temporária, um “falso vácuo”, vulnerável a ser substituído por uma versão mais estável.
Caso isso aconteça, uma bolha dessa nova fase surgiria e se expandiria em todas as direções à velocidade da luz, apagando tudo em seu caminho — da menor partícula às maiores estruturas cósmicas.
Para investigar esse conceito abstrato, os cientistas usaram átomos ultrafrios organizados em uma rede óptica, um tipo de estrutura formada por lasers que aprisiona partículas com alta precisão.
Dentro desse ambiente controlado, eles observaram como uma nova fase quântica emergia e tomava o lugar da anterior, em um comportamento análogo ao que se espera que aconteça na transição entre falso e verdadeiro vácuo.
Apesar de ser uma simulação, o experimento oferece evidências tangíveis de que esse tipo de transformação de fase é possível e pode obedecer às previsões da física quântica.
O que a pesquisa significa para o Universo?
O avanço é significativo porque transforma um conceito até então restrito à matemática e à teoria em algo observável, ainda que em pequena escala.
Ao comprovar que é possível imitar o processo, os pesquisadores ajudam a reforçar a plausibilidade de um dos cenários mais extremos já propostos para o destino do cosmos.
Embora o experimento não represente qualquer risco prático — já que é apenas uma analogia física e não envolve energia real capaz de afetar o universo —, ele levanta questionamentos profundos sobre a estabilidade do cosmos.
Estudos anteriores sugerem que a massa do bóson de Higgs pode colocar o universo em uma situação de risco, embora as chances de uma transição catastrófica ocorrer em nossa era sejam consideradas extremamente improváveis.
Ainda assim, entender esses processos ajuda os cientistas a mapear os limites do que é possível — e do que pode um dia se tornar inevitável.