A expansão das plataformas de streaming tem revolucionado a maneira como a música é consumida e influenciado diretamente a atuação dos artistas. Com a digitalização do mercado, os músicos precisam se ajustar a novos modelos de criação, divulgação e monetização de suas obras.
Esse impacto está sendo analisado em uma pesquisa internacional conduzida por especialistas da Universidade de Groningen, na Holanda. O estudo envolve pesquisadores de diversos países, incluindo Brasil, Chile, Coreia do Sul e Nigéria. No Brasil, a pesquisa é coordenada por uma equipe da Universidade Feevale, em Novo Hamburgo.
Streaming e músicos
Financiada pelo Conselho Europeu de Pesquisa, a pesquisa investiga o impacto de plataformas como Spotify e Deezer nas práticas criativas e nas condições de trabalho dos músicos. Segundo Vanessa Valiati, pesquisadora da Feevale, os artistas, especialmente os independentes, tornaram-se dependentes dessas plataformas para divulgar seus trabalhos, o que demanda grande esforço.
A primeira fase do estudo envolve um questionário online para mapear o tempo dedicado às plataformas, estratégias de promoção e desafios enfrentados. De acordo com Robert Prey, coordenador do estudo, a pesquisa tem uma abordagem global, suprindo a falta de dados sobre músicos em países como Brasil e Nigéria. Os resultados ajudarão a comparar diferentes mercados e subsidiar políticas públicas para o setor.
Indústria musical
Os números recentes da indústria musical destacam o impacto do streaming. Em 2024, o mercado brasileiro movimentou R$ 3,49 bilhões, um crescimento de 22%. O streaming representou 99,2% das vendas e 88% da receita total, com faturamento de R$ 3,06 bilhões. As assinaturas cresceram 27%, somando R$ 2,08 bilhões, enquanto os serviços financiados por publicidade atingiram R$ 479 milhões.
O Brasil segue como o 9º maior mercado musical do mundo, segundo a Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI), com a música nacional dominando as paradas — 96% das 50 canções mais tocadas são de artistas brasileiros, com destaque para o sertanejo.
Globalmente, a indústria fonográfica cresceu 4,8% em 2024, impulsionada pelo streaming. A receita mundial chegou a US$ 29,6 bilhões, com o faturamento de áudio por assinatura subindo 9,5%, alcançando 752 milhões de assinantes pagos. Os dados reforçam a importância das plataformas digitais e os desafios para os artistas nesse novo modelo de consumo.