Nos últimos anos, o mundo fitness tem ganhado cada vez mais espaço, impulsionado por influenciadores digitais, competições de fisiculturismo e eventos que celebram esse estilo de vida. Contudo, junto com essa crescente popularidade, surgem também questionamentos e críticas.
Bruno Gualano, professor e pesquisador da USP, é um dos críticos desse setor e da maneira como ele é propagado ao público. Em entrevista à rádio O POVO CBN, ele declarou que o “mundo fitness é uma farsa”, ressaltando que a ideia de promover saúde e bem-estar muitas vezes não corresponde à realidade.
Falsidade do mundo fitness
Para Gualano, a indústria fitness gira em torno da comercialização de produtos e serviços cujos benefícios nem sempre têm respaldo científico. Ele argumenta que esse setor se transformou em um reflexo do modelo neoliberal, promovendo ideais de corpo e estilo de vida muitas vezes inalcançáveis, reforçados pelo impacto das redes sociais.
Os influenciadores digitais têm um papel fundamental na disseminação dessa cultura, porém, muitas vezes, incentivam hábitos que podem comprometer a saúde. Entre eles estão dietas extremamente restritivas, rotinas de exercícios excessivas e, em certos casos, o uso de esteroides e procedimentos estéticos sem a devida transparência.
Corpo e saúde
Gualano também questiona a noção de que alcançar o corpo ideal é apenas uma questão de disciplina e determinação. Segundo ele, essa visão desconsidera aspectos como a rotina individual, o acesso à informação e as desigualdades sociais, transferindo toda a responsabilidade para o indivíduo. Além disso, ele destaca os impactos psicológicos dessa narrativa, que pode contribuir para transtornos alimentares e problemas de autoestima.
O pesquisador enfatiza que um estilo de vida saudável deve se basear em princípios científicos e ser acessível a todos. Ele sugere priorizar uma alimentação nutritiva, reduzindo o consumo de ultraprocessados, e adotar práticas físicas que sejam agradáveis e viáveis a longo prazo. Além disso, reforça que a promoção da saúde deve ser uma responsabilidade compartilhada pela sociedade, e não controlada por uma indústria cujo principal objetivo é o lucro.