A Fundação Getulio Vargas (FGV), por meio do laboratório DesinfoPop, acende o alerta para um fenômeno que tem impactado milhões de brasileiros: perfis anônimos no Instagram estão utilizando vídeos virais com promessas de saúde e emagrecimento para aplicar golpes e disseminar desinformação.
Uma investigação do Estadão Verifica identificou ao menos 69 “contas dark” que, juntas, somam mais de 42 milhões de seguidores e operam com foco em monetização ilícita, enganos financeiros e práticas que comprometem a saúde pública.
Vale mencionar que sssas contas, que não revelam os responsáveis por trás dos perfis, operam de forma coordenada, replicando conteúdos sensacionalistas e promovendo itens com promessas milagrosas.
Utilizando nomes fictícios e imagens geradas por inteligência artificial, esses perfis capturam a atenção de usuários em busca de soluções acessíveis para problemas de saúde, e os direcionam a compras fraudulentas ou grupos que comercializam produtos sem qualquer comprovação científica.
Como os golpes são disseminados
As contas dark exploram algoritmos das redes sociais para viralizar conteúdos que prometem curas rápidas para doenças graves, como Alzheimer, diabetes e até câncer. Vídeos que indicam, por exemplo, que o chá de orégano teria propriedades anticancerígenas já foram replicados dezenas de vezes e acumulam milhões de visualizações.
Vale mencionar que, além da monetização por visualizações, os administradores dessas páginas também lucram por meio da venda direta de produtos. Sites falsos imitam plataformas populares como a Shopee e oferecem itens como colchões ou espelhos por valores atrativos.
No entanto, após o pagamento, geralmente via Pix, os consumidores não recebem os produtos, tampouco conseguem contato com os supostos vendedores.
Outro detalhe importante é a vinculação dessas contas a grupos no WhatsApp e no Instagram, onde são divulgadas ofertas de suplementos que prometem emagrecimento instantâneo, sem qualquer respaldo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Há ainda perfis que atuam como afiliados de marketplaces, promovendo links de produtos comissionados — em muitos casos, também envolvidos em irregularidades.
Saúde pública em risco por desinformação
Com isso, cria-se um ciclo de desinformação que afeta tanto o indivíduo quanto a coletividade. Os conteúdos apelam para o emocional, oferecendo respostas rápidas a quem sofre com problemas de saúde ou limitações de acesso a tratamentos médicos.
Isso porque muitas das publicações simulam autoridade, utilizando linguagem acessível, termos científicos fora de contexto e depoimentos falsos.
É importante mencionar que, ao disseminarem curas infundadas ou substitutos para medicamentos regulamentados, esses perfis contribuem para o descrédito da medicina baseada em evidências. O impacto se estende a campanhas de vacinação, prevenção de doenças e políticas públicas de saúde, criando um ambiente propício à desinformação e ao charlatanismo digital.
Dessa forma, especialistas reforçam a necessidade de atenção redobrada por parte dos usuários. Sempre que possível, recomenda-se consultar fontes confiáveis como o Ministério da Saúde ou buscar a orientação de profissionais habilitados.