Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que cerca de 2 milhões de mortes fetais intrauterinas ocorrem todos os anos no mundo, sendo consideradas perdas gestacionais tardias aquelas que acontecem após a 28ª semana de gestação.
Os casos mais recentes no Brasil, envolvendo a atriz Micheli Machado e a apresentadora Tati Machado, reacenderam o debate sobre um tema sensível e ainda pouco discutido publicamente.
Na última terça-feira (13/5), a equipe de Tati confirmou a perda do bebê, aos 8 meses de gestação. A jornalista deu entrada em uma maternidade após perceber a ausência de movimentos fetais. Até aquele momento, a gravidez transcorria de forma saudável. O caso segue em investigação médica, e as causas ainda não foram confirmadas.
Vale mencionar que, segundo o Manual MSD, a identificação da causa da morte fetal pode incluir exames como autópsia, análise da placenta e exames laboratoriais. Entretanto, mesmo com a medicina atual, muitas dessas perdas continuam sem explicação.
O que pode ter levado Tati Machado a uma perda gestacional tardia?
É importante mencionar que, apesar de raras após a 32ª semana, essas perdas podem ocorrer por diversos fatores. Entre as causas mais frequentes estão alterações placentárias, como a insuficiência placentária, além de complicações do cordão umbilical, restrição de crescimento fetal, pré-eclâmpsia grave, trombofilias e infecções.
Outro detalhe importante é que fatores maternos também podem influenciar, como idade inferior a 15 anos ou superior a 35, histórico de perdas anteriores, hipertensão, diabetes, tabagismo e o uso de substâncias ilícitas.
Doenças infecciosas como toxoplasmose, sífilis, rubéola, herpes e até COVID-19 também estão entre as possíveis causas, sobretudo em países com menor acesso à saúde de qualidade.
Dessa forma, a vigilância sobre os movimentos fetais e sintomas como dor abdominal, sangramentos ou alterações nos sinais clássicos da gravidez são fundamentais no segundo e terceiro trimestres.
Como é o processo após a perda fetal?
Com isso, tanto Tati quanto Micheli passaram pelo processo de parto para retirada do feto, seguindo as orientações da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). A entidade recomenda que, sempre que possível, o parto seja vaginal, uma vez que o procedimento cirúrgico é reservado apenas para situações específicas.
Sendo assim, o impacto emocional da perda exige acolhimento humanizado e suporte psicológico. A forma como o parto é conduzido e comunicado pode interferir diretamente no processo de luto.
Apesar dos avanços da medicina fetal, muitos óbitos continuam sendo classificados como inexplicáveis. Isso porque a gravidez, mesmo considerada de baixo risco, ainda envolve uma série de fatores imprevisíveis, algo que nem sempre pode ser prevenido ou controlado.