Em muitas partes do mundo, os cachorros são vistos como membros da família. Eles acompanham seus donos em passeios, dividem o sofá, recebem cuidados veterinários e até ganham festas de aniversário.
Esse carinho pelos cães não se limita apenas aos países ocidentais — em diversos países asiáticos, como Japão e Coreia do Sul, a presença dos pets no cotidiano é cada vez mais comum e celebrada.
No entanto, há lugares onde a relação com esses animais é completamente diferente. No Irã, a convivência com cães em espaços públicos não apenas é malvista, como pode levar à prisão.
Passear com cachorros na rua pode levar à prisão nesse país
A visão negativa sobre os cães tem raízes profundas na tradição islâmica adotada pelo regime iraniano. Desde a Revolução Islâmica de 1979, a posse de cachorros é desencorajada pelas autoridades, que os consideram impuros sob a ótica religiosa.
Embora não exista uma lei nacional que proíba a criação desses animais, uma série de decretos e medidas locais têm limitado severamente a presença de cães em locais públicos, especialmente nas cidades.
Nos últimos dias, a repressão ganhou força: passear com cachorros em vias públicas e até transportá-los em carros foi proibido em pelo menos 18 cidades, segundo informações de agências internacionais.
A medida amplia uma diretriz que já vigorava desde 2019 em Teerã, a capital, e agora atinge também cidades como Isfahan, Kerman e Ilam.
As autoridades justificam a proibição com base em argumentos de saúde pública e manutenção da ordem social. Em algumas localidades, a violação das regras pode levar à apreensão do animal e à prisão do tutor.
Donos de cachorros criticam e desafiam a proibição
Apesar do endurecimento das restrições, muitos donos de cães continuam a desafiá-las, principalmente em áreas mais liberais do país.
Jovens, em particular, veem a posse de cães como uma forma de resistência contra a rigidez do regime. Para burlar a vigilância, passeios ocorrem durante a noite ou em locais mais afastados.
As novas medidas vêm sendo duramente criticadas por ativistas e parte da população.
Eles apontam que, em meio ao aumento da criminalidade e à insatisfação social, o foco do governo em reprimir donos de animais revela uma tentativa de controlar o comportamento da sociedade com base em dogmas religiosos, restringindo liberdades individuais em nome de valores ultrapassados.
Para muitos iranianos, o cão representa mais do que um animal de estimação: é um símbolo de liberdade pessoal.