Um consórcio internacional de cientistas revelou a detecção do neutrino mais energético já registrado, um marco histórico na astrofísica. A descoberta, anunciada em 12 de fevereiro de 2024, indica a existência de processos extremos no cosmos ainda pouco compreendidos pela ciência.
A partícula detectada, denominada KM3-230213A, foi registrada em 13 de fevereiro de 2023 pelo detector ARCA, parte do experimento KM3NeT, localizado no fundo do mar Mediterrâneo. Sua energia atingiu um impressionante valor de 220 petaelétronvolts (PeV), cerca de 30 vezes maior do que qualquer neutrino anteriormente observado.
Os neutrinos são partículas subatômicas que interagem minimamente com a matéria, atravessando planetas e estrelas sem serem detidos. Essa característica os torna ferramentas valiosas para explorar o Universo, já que carregam informações diretas de suas fontes de origem.
No caso do KM3-230213A, sua trajetória reta sugere que tenha vindo de fora da Via Láctea, possivelmente emitido por um buraco negro ativo ou outro fenômeno astrofísico extremo.
Outro detalhe importante é que o neutrino viajava quase na horizontal, com inclinação de apenas 0,6° acima do horizonte, atravessando uma região da crosta terrestre mais extensa do que o esperado para partículas tão energéticas. Esse comportamento incomum chamou a atenção dos pesquisadores, que agora buscam entender melhor sua origem e percurso.
Partícula revela segredos do cosmos
Os neutrinos são gerados em eventos cataclísmicos, como explosões estelares e buracos negros supermassivos. Como não são desviados por campos magnéticos nem absorvidos por poeira cósmica, eles fornecem informações puras sobre suas fontes.
Para detectar essas partículas elusivas, cientistas utilizam telescópios especializados, como o KM3NeT e o IceCube, localizado no Polo Sul. Essas estruturas registram a luz azul emitida quando neutrinos colidem com átomos na água ou no gelo, permitindo reconstruir sua energia e direção.
Vale mencionar que a detecção de neutrinos de alta energia ajuda a decifrar enigmas do Universo, como a origem dos raios cósmicos e os mecanismos de buracos negros. Além disso, abre caminho para futuras descobertas sobre a estrutura do cosmos e as interações fundamentais da física.