Recentemente, um caso de extrema crueldade e abuso de poder chocou a população brasileira. Em Registro, interior de São Paulo, um pai foi apontado como suspeito de manter seus três filhos em condições subhumanas, em cárcere privado e com alimentação escassa.
A situação mais extrema envolveu uma adolescente de 14 anos, que teve um dedo da mão esquerda amputado após pegar comida para se alimentar, uma atitude que, segundo as autoridades, desencadeou uma punição brutal.
Relato do caso
O caso começou a ser investigado após uma denúncia anônima, feita pela tia paterna das crianças. De acordo com o relato, o pai teria levado os filhos para a cidade de Registro, após tirá-los da casa da avó paterna, com quem os menores moravam. A tia informou que as crianças estavam sendo mantidas em cárcere privado e com uma alimentação muito limitada.
Após a denúncia, conselheiros tutelares e a Polícia Militar de Registro se mobilizaram para investigar as condições das crianças. Quando chegaram à residência da família, localizada no bairro Vila Yoshida, o pai inicialmente se recusou a permitir a entrada das autoridades.
No entanto, no mesmo dia, a 3ª Vara de Registro expediu um mandado judicial, autorizando a entrada dos agentes na casa e a busca e apreensão dos menores.
Resgate das crianças
No dia seguinte, a casa foi novamente visitada pelas autoridades. No entanto, o pai já havia devolvido as crianças à avó paterna, que reside em Curitiba (PR) e tem a guarda legal dos menores.
A avó, ao ser contatada, recebeu os netos e, imediatamente, encaminhou as crianças para um hospital de Curitiba, onde os médicos constataram o estado de saúde precário dos menores, vítimas de maus-tratos e desnutrição.
O caso mais perturbador envolveu a amputação do dedo da adolescente de 14 anos. De acordo com os conselheiros tutelares, a jovem teria sido punida pelo pai após pegar comida para se alimentar, em uma atitude desesperada por sobrevivência. As crianças, segundo os relatos, haviam implorado por comida, mas frequentemente eram negadas, sendo forçadas a passar fome e viver em condições degradantes.
Condições de vida das crianças
As crianças, cujas idades são de 14, 12 e 10 anos, viveram em condições de total negligência e abuso por mais de dois anos, período em que estavam sob os cuidados do pai.
As informações apontam que os menores eram mantidos em uma casa em condições insalubres, com pouca higiene e sem acesso adequado à alimentação e cuidados médicos. A adolescente, que foi gravemente ferida, não recebeu tratamento para sua lesão e teve que conviver com a dor.
Embora a madrasta tenha sido mencionada nos depoimentos das crianças, a Polícia Civil de São Paulo informou que, no boletim de ocorrência, apenas o pai é considerado suspeito. Não há informações suficientes para confirmar o envolvimento da madrasta no caso.
Contudo, os relatos indicam que as crianças eram submetidas a violências não apenas físicas, mas também psicológicas, em um ambiente hostil e opressor.
Investigação e o desaparecimento do pai
Após a devolução das crianças à avó, o pai e sua companheira fugiram, sendo procurados pelas autoridades. A Polícia Civil continua a investigação para localizar o suspeito e confirmar todos os detalhes sobre o caso. As diligências estão em andamento para identificar se há mais pessoas envolvidas ou se o pai agiu sozinho em suas ações cruéis.
Além das evidentes lesões físicas, o trauma psicológico sofrido pelos menores pode ser ainda mais grave. Eles foram privados de seus direitos mais básicos, como alimentação adequada, segurança e amor familiar. O impacto desses abusos será profundo e, provavelmente, exigirá acompanhamento psicológico especializado para que as crianças possam superar os efeitos dessa experiência traumática.
A denúncia e o trabalho conjunto entre as autoridades locais e as entidades de proteção infantil foram decisivos para o resgate dos menores. Agora, espera-se que a investigação siga seu curso e que os responsáveis paguem pelo sofrimento que causaram a essas crianças.