Encontrar ovos nos supermercados dos Estados Unidos virou um desafio para milhões de consumidores. Quando disponíveis, os preços assustam: em algumas regiões, uma dúzia custa mais do que uma refeição completa.
O que antes era um item básico e acessível na mesa dos americanos, hoje se tornou um luxo. Mas, por trás das prateleiras vazias e do aumento repentino nos preços, existe uma crise bem mais profunda – e que muita gente ainda desconhece.
Ovo nos EUA está em falta por causa desse motivo
A principal causa da escassez é um surto agressivo de gripe aviária que tem atingido granjas em diversas partes do país. A variante mais recente do vírus H5N1, identificada no início de fevereiro, já levou ao abate de milhões de galinhas poedeiras como medida de contenção.
A situação se agravou após a infecção de um trabalhador rural em Nevada, acendendo alertas sobre o risco de transmissão entre humanos.
Enquanto especialistas estudam a eficácia de uma possível vacinação em larga escala, a realidade atual é que a produção de ovos despencou. Com menos oferta, os preços disparam.
Além disso, o aquecimento global também tem desempenhado um papel relevante na crise. O milho, que compõe a maior parte da ração das aves, tem sido impactado por secas prolongadas e variações extremas de temperatura, dificultando o cultivo e elevando seu custo.
Isso encarece ainda mais o processo de criação das galinhas, pressionando os valores ao consumidor final.
Outro ponto crítico é a própria sensibilidade das aves ao calor: temperaturas elevadas aumentam a mortalidade dos animais e reduzem a produtividade.
Enquanto isso, o governo dos Estados Unidos tenta evitar um colapso na cadeia de abastecimento.
Uma das soluções emergenciais adotadas foi a importação de 15 milhões de toneladas de ovos da Turquia, medida que deve vigorar até julho. Ainda assim, especialistas não sabem se essa intervenção será suficiente para normalizar a situação.
Ovos também estão caros no Brasil
Mas a crise não se limita ao território norte-americano. No Brasil, o ovo também está mais caro, e por razões semelhantes: impacto climático sobre a produção e demanda sazonal.
Isso porque, somente nos primeiros meses de 2025, o nosso país enfrentou cinco grandes ondas de calor, que são períodos onde as temperaturas permanecem pelo menos 5°C acima da média do período por mais de 5 dias seguidos.
Além disso, com a chegada da Quaresma, período em que muitos católicos substituem a carne por peixes e ovos, os preços costumam subir, pressionando o bolso do consumidor.
Trata-se de um fenômeno comum que ocorre todos os anos e tende a se normalizar após a páscoa, mas que foi intensificado quando combinado ao impacto climático.
Vale lembrar ainda que, de modo geral, no Brasil, os alimentos se encontram muito caros, com os preços subindo o dobro da inflação geral por conta de eventos climáticos extremos, a valorização do dólar no final de 2024 e início de 2025, e a alta global na demanda por produtos como carne, café e óleo de soja, o que impulsiona as elevações de preços em todo o setor.
Contudo, a ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Simone Tebet, declarou recentemente que os preços dos alimentos devem começar a cair nos próximos dois meses após medidas tomadas pelo governo federal.
A escassez de ovos reflete uma cadeia global fragilizada e interdependente, onde vírus e mudanças climáticas já afetam diretamente o que chega ao prato.