Há cinco décadas, o primeiro código de barras moderno foi escaneado em um supermercado dos Estados Unidos, marcando o início de uma era de revolução tecnológica no comércio global.
A simples ideia de transformar informações em padrões visuais capazes de ser rapidamente lidos por máquinas mudou a forma como produtos eram registrados e vendidos em todo o mundo. O uso massivo dessa tecnologia foi essencial para o crescimento da economia global, já que facilitava o processo de vendas, de controle de estoque e a gestão de logística.
Ao longo dos anos, o código de barras se tornou um símbolo da eficiência no varejo, garantindo uma troca rápida de dados entre sistemas de ponto de venda (PDV) e bancos de dados.
Avanço dos QR Codes e o seu poder de armazenamento de informações
Embora os códigos de barras ainda dominem o setor do varejo, um novo competidor surge: os QR Codes (códigos de resposta rápida). Criados em 1994 no Japão, os QR Codes começaram a ganhar relevância a partir dos anos 2010, com o crescente uso de smartphones, que tornam mais fácil escanear esses códigos por meio de câmeras de celulares. A principal vantagem do QR Code sobre o código de barras tradicional é sua capacidade de armazenar uma quantidade significativamente maior de informações.
Enquanto um código de barras convencional é limitado a 20-30 caracteres, o QR Code pode armazenar até 7.000 caracteres.
Essa capacidade é importante para os novos modelos de negócios no varejo, permitindo aos consumidores acessarem não apenas informações básicas sobre um produto, como preço e estoque, mas também dados mais detalhados, como especificações, informações nutricionais, rastreabilidade de fabricação, certificados de sustentabilidade, cupons de desconto, promoções e até mesmo interações de mídia com o produto.
Por que os códigos de barras estão com os dias contados?
A substituição dos códigos de barras pelos QR Codes no setor do varejo não será uma mudança imediata, mas um processo gradual, que já está em andamento. A previsão é que a transição esteja concluída até 2027, o que mostra o compromisso de empresas e indústrias em modernizar suas operações.
Porém, esse processo exige um esforço considerável de adaptação e colaboração entre diferentes setores e países. Não apenas as empresas de varejo precisam atualizar seus sistemas de software e hardware para lidar com os QR Codes, mas também é necessário fazer ajustes nos processos de fabricação e distribuição de produtos.
Essa transição envolve desafios logísticos, como a reconfiguração de leitores de código de barras, a atualização de sistemas de caixa e PDVs, e a implementação de novos processos de etiquetagem nos produtos. Além disso, existe o desafio de educar os consumidores, que por décadas estiveram acostumados ao tradicional código de barras, sobre a utilização do QR Code durante suas compras.
Resistência e os desafios financeiros da transição
Apesar da empolgação com as vantagens dos QR Codes, a substituição dos códigos de barras tradicionais não é uma tarefa barata. Grandes companhias, incluindo as do setor de tecnologia e logística, terão que investir pesadamente na mudança de infraestrutura, atualização de software e treinamento de funcionários. No entanto, as empresas têm garantido que os custos dessa transição não serão repassados diretamente aos consumidores.
Embora os detalhes exatos dos gastos não sejam divulgados, sabe-se que a movimentação é grande, pois envolve a transformação de um sistema globalizado que afeta praticamente todos os segmentos do varejo.
Embora o investimento inicial seja alto, a longo prazo, espera-se que os QR Codes tragam um retorno considerável ao permitir a coleta de dados mais ricos sobre o comportamento dos consumidores, facilitar promoções dinâmicas e personalizadas, e melhorar a rastreabilidade de produtos. Para muitas marcas, o investimento em QR Codes pode se justificar com a promessa de uma experiência de compra mais eficiente e interativa.
Vantagens do QR Code
O grande atrativo dos QR Codes é sua capacidade de integrar o mundo físico ao digital de forma simples e eficaz. Um exemplo claro disso pode ser visto nas estratégias inovadoras de marcas como a L’Oréal, que colocam QR Codes em seus produtos de cosméticos.
Ao escanear um código em uma embalagem de tinta para cabelo, o consumidor é direcionado para um site onde pode fazer um teste virtual de cor ou até mesmo assistir a tutoriais. Esse tipo de interação não seria possível com os códigos de barras tradicionais, limitados à simples leitura de números.
Além disso, os QR Codes têm um grande potencial para melhorar a experiência do cliente. Eles podem fornecer um meio fácil de acessar informações detalhadas sobre os produtos, promoções especiais e até questões de sustentabilidade, como a origem dos materiais e os impactos ambientais da produção. O que antes estava restrito a uma etiqueta simples na embalagem do produto, agora pode se expandir para um mundo de informações acessíveis na palma da mão.
Impacto na experiência de compra e as expectativas do consumidor
À medida que os consumidores se acostumam com a digitalização crescente no varejo, a expectativa é que eles exigem cada vez mais personalização e conveniência. O QR Code tem tudo para ser a solução para isso, permitindo que os consumidores se envolvam com os produtos de maneiras mais interativas e informativas.
Ao escanear um QR Code, eles podem não apenas verificar os preços, mas também aprender sobre os ingredientes do produto, conferir cupons de desconto, acessar vídeos demonstrativos e até mesmo participar de programas de fidelidade.
À medida que o QR Code se torna a principal tecnologia de leitura no ponto de venda, o consumidor moderno deve esperar uma experiência mais fluida, inteligente e conectada, onde a simples troca de informações entre o produto e o consumidor se torna uma extensão do seu mundo digital.