Cientistas do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA confirmaram que uma cidade na Península de Palos Verdes, no sul da Califórnia, está sendo afetada por um deslizamento de terra que pode levá-la em direção ao oceano. O uso de radar de alta precisão mostrou que o solo está se deslocando a uma taxa preocupante de até 10 centímetros por semana, gerando inquietação entre especialistas e autoridades locais.
Embora o fenômeno tenha ocorrido ao longo de mais de seis décadas, a taxa de deslocamento acelerou recentemente, coincidindo com as fortes chuvas de 2023 e o inverno especialmente chuvoso de 2024, fatores que provavelmente agravaram a instabilidade do solo.
Cidade engolida pelo oceano
Cientistas usaram o radar UAVSAR, uma tecnologia avançada de sensoriamento remoto, para monitorar o movimento do solo com precisão. Entre 18 de setembro e 17 de outubro de 2024, uma aeronave Gulfstream III sobrevoou a área quatro vezes, coletando dados tridimensionais.
Informações adicionais foram obtidas pelos satélites Sentinel-1A e 1B da ESA. Os mapas gerados indicaram áreas com deslocamento acelerado, destacadas em cores escuras, e foram compartilhados com as autoridades da Califórnia e publicadas no Portal de Mapeamento de Desastres da NASA.

Caso no Brasil
Em Atafona, distrito de São João da Barra (RJ), no Brasil, a erosão costeira tem se intensificado devido à interação entre ações humanas e as mudanças climáticas. O nível do mar na região já subiu 13 cm e espera-se que chegue a 16 cm até 2050, afetando gravemente a comunidade local, com casas submersas e pescadores sem meio de sustento. Esse processo, iniciado na década de 1950, se acelerou nos últimos anos, destruindo mais de 500 residências e forçando a migração de mais de 2 mil pessoas.
A ausência de soluções claras tem levado os moradores a cobrarem das autoridades medidas mais eficazes, embora o problema não tenha respostas simples. O geógrafo Dieter Muehe enfatiza que a erosão costeira é uma tendência crescente no Brasil, e o avanço do mar, que ocorre a uma média de 3 metros por ano em Atafona, provavelmente continuará a impactar a região nos próximos anos.