A presença de vastas reservas de gelo em Marte pode indicar um passado aquático para o planeta vermelho e um potencial oceano no futuro.
Cientistas analisaram dados obtidos pela sonda Mars Express, da Agência Espacial Europeia (ESA), e identificaram uma grande quantidade de gelo armazenada abaixo da superfície, o que poderia cobrir o planeta com uma camada de água de até 2,7 metros de profundidade, caso derretesse.
Oceano de 2,7m pode se formar caso o gelo de Marte derreter
A pesquisa focou em uma região conhecida como Formação Medusae Fossae (MFF), localizada na transição entre as terras altas e baixas marcianas.
Essa área abriga imensos depósitos esculpidos pelo vento, que se estendem por centenas de quilômetros.
Embora a MFF seja reconhecida como uma das maiores fontes de poeira em Marte, sua composição subterrânea revelou um aspecto ainda mais surpreendente: uma espessa camada de gelo oculta sob sedimentos secos.
A análise de radar mostrou que os depósitos gelados podem atingir até 3.000 metros de espessura. De acordo com as estimativas, a quantidade total de gelo presente na MFF chega a aproximadamente 400.000 km³.
Caso essa reserva derretesse completamente, a água líquida resultante poderia se espalhar sobre toda a superfície do planeta, formando uma camada de 2,7 metros de profundidade.
No entanto, a presença de uma espessa camada de poeira e material seco sobre o gelo pode afetar a quantidade total de água disponível.
Se essa cobertura tiver cerca de 600 metros de espessura, em vez dos 300 metros mínimos estimados, a reserva de gelo seria menor, totalizando cerca de 220.000 km³.
Nessa situação, o oceano hipotético de Marte teria uma profundidade reduzida para aproximadamente 1,5 metro.
Paisagem em Marte apresenta indícios de água no passado
Além dos depósitos congelados, a paisagem marciana apresenta outros indícios de um passado rico em água.
Estudos recentes revelaram milhares de montes e colinas nas planícies do hemisfério norte de Marte, compostos por minerais argilosos.
Essas formações indicam que a região já foi submersa por água no passado distante e que processos de erosão esculpiram a superfície ao longo de bilhões de anos.
A descoberta reforça a ideia de que Marte já teve condições muito diferentes das atuais, com uma presença significativa de água líquida.
Caso as temperaturas no planeta aumentassem, permitindo o derretimento do gelo subterrâneo, um oceano raso poderia se formar temporariamente, trazendo novas perspectivas para a exploração e para a busca por sinais de vida no planeta vermelho.