O chamado nomadismo digital, que permite conciliar carreira com viagens pelo mundo, deixou de ser uma alternativa de poucos para se tornar um movimento global em expansão. De acordo com dados do Google Trends, o interesse pelo termo “nômade digital” alcançou seu pico histórico em 2024, após registrar um aumento de 190% nas buscas nos últimos cinco anos em escala global.
No Brasil, essa tendência é ainda mais acentuada: o volume de buscas cresceu 250% no mesmo período. Somente nos três primeiros meses de 2025, o interesse por vistos destinados a nômades digitais disparou, especialmente em relação a destinos como Portugal e Espanha, com aumento de até 450%.
Nômades digitais
Embora o nomadismo digital esteja em alta, o conceito ainda gera dúvidas. Em essência, trata-se de um modelo de trabalho remoto que permite a realização de atividades profissionais a partir de qualquer lugar do mundo, com a flexibilidade de deslocamento frequente. Diferente do home office tradicional, essa modalidade não está vinculada a um local fixo.
O ingresso nesse estilo de vida requer, antes de tudo, a possibilidade de atuar remotamente. Áreas como tecnologia da informação, marketing digital, design e consultoria são as mais presentes entre os profissionais que adotam esse formato.
Além disso, o nomadismo digital exige organização financeira, conhecimento sobre regras fiscais e de imigração dos países de destino, além de investimento em infraestrutura pessoal — como equipamentos adequados e acesso à internet confiável. A manutenção de uma rotina de qualificação profissional também é considerada fundamental para garantir competitividade no mercado.
Renda e comodidade
A renda obtida por nômades digitais pode variar significativamente, dependendo da área de atuação e do nível de experiência. Dados da plataforma Deel mostram que brasileiros que adotam esse estilo de vida costumam receber entre quatro e dez salários mínimos, enquanto cerca de 11% ultrapassam a marca dos 20 salários mensais.
A imagem idealizada do nômade trabalhando à beira-mar, comum em redes sociais, nem sempre corresponde à realidade. Na prática, fatores como calor excessivo, instabilidade de conexão e cuidados com equipamentos eletrônicos fazem com que a maior parte da jornada de trabalho aconteça em ambientes fechados, como acomodações temporárias, cafés ou espaços de coworking.