Os dados apresentados no Atlas da Violência 2025, publicado nesta segunda-feira (12) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, com base nas estatísticas do Sistema de Informações sobre Mortalidade (Sim) do Ministério da Saúde, revelam que, em 2023, o Brasil registrou 45.747 homicídios — o equivalente a uma média de mais de cinco assassinatos por hora.
A taxa de homicídios foi de 21,2 por 100 mil habitantes, a mais baixa em 11 anos, indicando uma redução significativa desde o início da série histórica. A maioria dessas mortes (71,5%) envolveu o uso de armas de fogo, com 32.749 registros.
Homicídios no Brasil
- Dados (2017-2023): O número de homicídios caiu cerca de 30%, passando de 65.602 para 45.747. As maiores quedas em 2023 foram observadas no Rio Grande do Norte (-18,8%), Paraná (-15,2%) e Amazonas (-13,4%). Por outro lado, Amapá (41,7%), Rio de Janeiro (13,6%) e Pernambuco (8%) registraram aumentos.
- Casos “ocultos” (2013-2023): O Brasil enfrentou 51.608 homicídios “ocultos”, ou seja, mortes violentas não classificadas corretamente. Esses homicídios representam cerca de 10% do total de mortes violentas, ou uma média de 4.692 homicídios por ano não contabilizados.
- Impacto racial e de gênero: A violência letal continua a afetar desproporcionalmente a população negra e as mulheres. Em 2023, 78% das vítimas de homicídios foram negras. A taxa de homicídios entre mulheres também apresentou aumento, com destaque para as vítimas de violência doméstica.
- Violência contra crianças, adolescentes e idosos: A violência não letal atingiu níveis alarmantes, com um aumento de 36,2% nas notificações de violência contra crianças e adolescentes. A mortalidade entre a população idosa é marcada por desigualdades, com homens e mulheres negros apresentando taxas de mortalidade muito mais altas que os não negros.
O que os resultados dizem?
Daniel Cerqueira, pesquisador do Ipea, destacou que a queda nos homicídios no Brasil segue uma tendência iniciada em 2018, após o pico de violência provocado por confrontos entre PCC e Comando Vermelho — embora alguns estados já apresentassem redução desde 2011.
Segundo ele, a diminuição está ligada a melhorias nas políticas de segurança pública, com foco maior em inteligência e prevenção, além da mudança na dinâmica das facções e do envelhecimento da população, especialmente no Norte e Nordeste.