Nos últimos meses, o Parque Ibirapuera, um dos maiores e mais visitados espaços públicos de São Paulo, inaugurou em novembro de 2024, um espaço exclusivo para seus clientes de alta renda, chamado “Casa Nubank Ultravioleta”.
O conceito é vender uma experiência de luxo dentro de um parque público, com serviços premium, como estacionamento com manobrista, banho com toalhas Trousseau e produtos de L’Occitane, Wi-Fi, café, entre outros mimos. O acesso a esse ambiente, no entanto, tem gerado debates, principalmente pela cobrança de R$ 150 para pessoas que não são clientes do banco.
Em uma tentativa de oferecer uma experiência diferenciada e exclusiva aos seus clientes, o Nubank aproveitou um local no Parque Ibirapuera que antes era ocupado pela base da Guarda Civil Metropolitana (GCM). O espaço foi reformado e transformado em um ambiente luxuoso, com diversas comodidades para quem busca uma pausa no meio da rotina agitada da cidade.
No entanto, para quem não é cliente do banco, o acesso a esse espaço tem um custo significativo de R$ 150 por duas horas de uso, o que, para muitos, é considerado um valor elevado para utilizar um serviço dentro de um parque público.
Exclusividade em um espaço público
A questão central que gerou debates é a cobrança para acessar um espaço dentro de um parque que, por definição, deveria ser acessível a todos os cidadãos. O Parque Ibirapuera é uma área pública e, em tese, seus espaços deveriam ser de livre acesso.
A instalação de uma área VIP exclusiva para clientes do Nubank, com restrições e tarifas para o público em geral, levanta a questão sobre a privatização de um espaço público. Embora a concessionária Urbia, responsável pela gestão do parque, justifique a iniciativa como parte do planejamento de melhorias para o local, a cobrança de uma taxa alta para o acesso ao serviço parece contrariar a ideia de um parque acessível a todos.
Repercussão e as críticas à iniciativa
O Nubank defende que a Casa Ultravioleta é uma “experiência de descompressão” para seus clientes, criada para ser uma segunda casa dentro do parque, onde é possível relaxar antes ou depois de atividades físicas.
Contudo, a cobrança de R$ 150 para os não-clientes, especialmente em um parque que é de todos, não agrada a muitos paulistanos. A iniciativa é vista como elitista e excludente, o que levanta questões sobre a acessibilidade e o papel das grandes instituições financeiras em espaços públicos.
Além disso, a falta de transparência quanto aos custos de manutenção e a origem dos recursos investidos pela instituição financeira na instalação do espaço geram ainda mais desconfiança. Não há informações claras sobre quanto o Nubank pagou para utilizar o local ou quais os acordos financeiros estabelecidos com a concessionária Urbia para a manutenção do serviço.
Reação da Urbia
A Urbia, responsável pela gestão do parque, também foi questionada sobre a instalação do espaço no local onde antes funcionava a base da GCM. A empresa afirmou que a estrutura já não era mais utilizada pela Guarda Civil desde antes da concessão e que não havia planos para retomar suas atividades.
A concessionária destacou que a iniciativa de criar a Casa Ultravioleta está alinhada a um planejamento de melhorias para o parque, visando ampliar as opções de serviços e a experiência dos visitantes.
Entretanto, o valor da tarifa de acesso e a exclusividade oferecida aos clientes do banco continuam sendo pontos de polêmica. Para a Urbia, a cobrança é uma maneira de garantir a sustentabilidade financeira da gestão do espaço, embora o caráter excludente da medida ainda seja uma preocupação para muitos.
A Prefeitura de São Paulo e as instituições envolvidas precisam revisar os termos dessa iniciativa para garantir que o parque continue sendo um local de inclusão e acesso universal, onde todos possam desfrutar das belezas e serviços sem distinções econômicas.