Nesta quarta-feira (12), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou uma Medida Provisória que reformula o modelo de crédito consignado para trabalhadores do setor privado. Com essa mudança, espera-se ampliar o acesso ao crédito, reduzir taxas de juros e dinamizar o mercado financeiro.
A iniciativa surge em um momento em que o governo busca reforçar sua popularidade, especialmente com a aproximação das eleições de 2026.
O crédito consignado é um tipo de empréstimo no qual as parcelas são descontadas diretamente da folha de pagamento do trabalhador. Essa modalidade tem como vantagem taxas de juros menores, uma vez que o risco de inadimplência é reduzido pela garantia do desconto automático.
No setor público, essa modalidade já está consolidada há anos, sendo bastante utilizada por servidores e aposentados. No entanto, no setor privado, o modelo enfrenta desafios, como a falta de padronização e a necessidade de convênios específicos entre empresas e bancos.
Principais mudanças no Crédito Consignado do setor privado
A reformulação proposta pelo governo foca em dois pontos principais:
Uso do e-Social para avaliação de risco
- O sistema e-Social, que centraliza dados trabalhistas e previdenciários, será usado para facilitar a análise de crédito.
- Com mais informações disponíveis, os bancos poderão avaliar melhor os riscos e oferecer condições mais vantajosas para os trabalhadores.
- Isso pode reduzir as taxas de juros e ampliar a oferta de crédito.
Maior competitividade entre os bancos
- Hoje, o crédito consignado privado depende de convênios diretos entre empresas e bancos, o que limita as opções para os trabalhadores.
- Com a mudança, os trabalhadores poderão acessar uma plataforma digital integrada à Carteira de Trabalho Digital, onde diferentes bancos oferecerão suas propostas.
- O modelo funcionará como um “leilão”, incentivando a concorrência e pressionando os bancos a oferecerem taxas menores.
Impactos esperados
Atualmente, o estoque do crédito consignado privado gira em torno de R$ 40 bilhões, com uma taxa média de juros de 2,9% ao mês. O governo e a Febraban esperam que esse volume triplique, atingindo R$ 120 bilhões nos próximos anos. Isso significaria uma injeção significativa de dinheiro na economia, estimulando o consumo e o crescimento do mercado de crédito.
Possíveis benefícios para os trabalhadores:
- Mais opções de crédito: Com a entrada de mais bancos no mercado, a expectativa é que os trabalhadores encontrem melhores condições para seus empréstimos.
- Taxas de juros mais baixas: A competição entre as instituições financeiras pode reduzir os custos do crédito para os trabalhadores.
- Menos burocracia: O uso do e-Social e da Carteira de Trabalho Digital pode agilizar os processos de contratação do empréstimo.
O que essa medida representa para o Governo?
A reformulação do crédito consignado no setor privado chega em um momento em que o governo busca reforçar sua popularidade. A crise de desaprovação tem sido um desafio, e medidas que impulsionam a economia e beneficiam diretamente os trabalhadores podem ajudar a melhorar a percepção pública.
Além disso, a medida pode ser um trunfo para as eleições de 2026, já que uma maior oferta de crédito e melhores condições financeiras podem impactar positivamente o bem-estar da população.
A reação do mercado e dos trabalhadores será fundamental para determinar se essa medida realmente trará os benefícios esperados. Caso funcione como planejado, pode representar um avanço importante na democratização do crédito no Brasil.